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O Senado aprovou a medida provisória que garante o foro privilegiado ao ministro Moreira Franco, que foi denunciado junto com Temer

Posse no cargo ocorreu em fevereiro, sob protestos da oposição. (Foto: Beto Barata/PR)

O Senado aprovou nessa quarta-feira a MP (medida provisória) que promove alterações na organização administrativa do Executivo federal, dentre as quais a garantia do status de ministério à Secretaria-Geral da Presidência da República e a criação do Ministério dos Direitos Humanos. O documento, que segue agora para sanção presidencial, gerou protestos por parte da oposição, que vê na medida uma estratégia para assegurar o foro privilegiado ao titular da Secretaria-Geral, Moreira Franco.

Após aprovarem o texto principal da matéria, por 40 votos a 24 e uma abstenção, os senadores rejeitaram uma sugestão de alteração ao texto. Proposto pela bancada do PT, o destaque alterava o trecho que dá status de ministério à secretaria, mantendo as demais alterações. Como não foi possível solicitar verificação nominal dos votos, os parlamentares mantiveram, em votação simbólica, a MP da forma como veio da Câmara dos Deputados. Na semana passada, os deputados aprovaram a MP após garantir a permanência do status de ministério por apenas cinco votos de diferença: 203 a 198.

Moreira Franco está incluído na segunda denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o presidente Michel Temer, pelos crimes de obstrução da Justiça e formação de organização criminosa. Com o foro privilegiado, porém, ministros, senadores e deputados só podem ser investigados com o aval do STF (Supremo Tribunal Federal).

Durante as discussões, senadores contrários à nova lei criticaram as mudanças, que, segundo eles, vão gerar novas despesas. Os parlamentares também criticaram o fato de esta ser a segunda medida provisória editada pelo governo neste ano com o mesmo tema. Lindbergh Farias (PT-RJ) pediu que os colegas agissem com “independência” e derrubassem a MP. “O que estão querendo aqui é impedir a possibilidade de uma prisão ou de uma investigação séria contra esse ministro. É isso, o objetivo é só esse. Então, eu espero que este Senado Federal tenha lucidez neste momento”, afirmou o senador.

Já Fernando Bezerra (PMDB-PE), que orientava as votações em nome do governo, lembrou de um voto do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, no qual defendeu que a “mera outorga” da condição de ministro não estabelece imunidade ao ocupante do cargo: “Essa medida provisória, ao reorganizar a máquina administrativa do governo federal dá sequência à MP 731, que permitiu o enxugamento dos cargos de confiança da estrutura do governo federal”.

Fortalecimento

A MP devolve o status de ministério à Secretaria-Geral, rebaixada em outubro de 2015 pela então presidenta Dilma Rousseff, durante uma reforma ministerial. Assinada pelo presidente Michel Temer no início do ano, a matéria também criou o Ministério dos Direitos Humanos e acrescentou o título Segurança Pública ao Ministério da Justiça.

Em fevereiro, quando tomou posse no cargo, Moreira Franco disse que a Secretaria-Geral foi alçada ao status de ministério para “robustecer a Presidência”. No final de maio, antes que a medida provisória perdesse a validade, Temer editou uma nova medida provisória mantendo as alterações.

O texto também traz alterações na organização de outros órgãos do governo e o detalhamento de algumas atribuições. Uma das mudanças é que a Secretaria de Políticas para Mulheres, antes vinculada ao Ministério do Justiça, passa a ser parte da Secretaria de Governo. Já a Secretaria da Pesca, até o momento ligada ao Ministério da Agricultura, será vinculada ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

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