Quinta-feira, 14 de novembro de 2024

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Colunistas O sucessor empreendedor

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Ser empreendedor no Brasil certamente não é tarefa fácil. Vivemos em um país onde a burocracia reprime o espírito empreendedor: em 2017, o Brasil caiu da 123ª para a 125ª posição no ranking do Banco Mundial que compara o ambiente de negócios em 190 países do mundo. O tempo médio para abertura de novas empresas é de 80 dias, e essa mesma quantidade de dias é gasta durante um ano para uma empresa manter sua conformidade fiscal, ou seja, é praticamente impossível empreender sem assessoria contábil para acompanhar as mudanças constantes nas legislações tributárias.

Em paralelo, a atual onda do empreendedorismo trouxe conectividade para o mundo dos negócios, em que a tecnologia definiu o futuro de muitas empresas consolidadas no mercado. O Airbnb, startup criada na Califórnia, vale mais do que grandes redes hoteleiras internacionais, como a Hilton, mesmo sem ser proprietário de nenhum imóvel. O WhatsApp foi vendido para o Facebook por 22 bilhões com apenas 40 funcionários; já a gigante brasileira BRF vale a metade desse montante, com uma equipe de mais de 100 mil funcionários.

Com o crescimento exponencial das tecnologias, vemos uma glamourização das startups, jovens sonhando em abrir empresas de tecnologia, disruptivas. O desafio é interessante, porém, como fomentar nessa nova geração o empreendedorismo em empresas familiares com tal cenário? Como combater as baixíssimas taxas de sobrevivência das empresas que conseguem chegar à terceira geração em um ambiente que limita tanto o empreendedorismo e em que as empresas tradicionais e engessadas são devastadas por startups com modelos de negócios inovadores? Como motivar jovens ambiciosos a suceder empresas que já têm cultura estabelecida, nas quais terão de adaptar-se aos valores já existentes e ainda assim enfrentarão os mesmos percalços de ter um negócio no Brasil que os novos empreendedores?

Um planejamento bem estabelecido é primordial para o sucesso da sucessão, porém, o sucessor só conseguirá se estabelecer dentro da empresa de sua família se encontrar um ambiente aberto para novas ideias e liberdade para empreender dentro dela. O desafio de fortalecer uma empresa consolidada, que carrega a história de empreendedorismo da família, que exige melhorias e gestão profissionalizada para se manter competitiva, pode ser extremamente gratificante e uma jornada incitadora. Temos que estimular as novas lideranças a reconhecer essa oportunidade, valorizar suas tradições e projetar o crescimento das empresas de suas famílias com suas histórias e força de marca como diferenciais competitivos.

Fernanda Estivallet Ritter, hoteleira e associada do IEE

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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