Segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de maio de 2019
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, anunciou que em junho será lançado um painel multisetorial de checagem de informações e combate a fake news, em parceria com veículos de comunicação, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e entidades de classes de magistrados.
“Estaremos trabalhando com o objetivo de alertar os leitores e os internautas sobre os perigos do compartilhamento de informações duvidosas, além de orientar sobre como checar a veracidade das notícias que recebem”, disse Toffoli.
“Iniciativas como essa são necessárias tendo em vista que a Justiça brasileira tem lidado diariamente com temas sensíveis e que podem afetar a vida dos cidadãos, se o teor de suas decisões for distorcido.”
Toffoli defendeu que a nomenclatura para o fenômeno seja “desinformação”, que explica melhor a abrangência que o tema exige. Disse não ter dúvidas que a campanha coordenada de mentiras é uma tentativa de descredenciar todas as instituições e Poderes do Brasil.
“Combater a desinformação é garantir o acesso à informação e ao verdadeiro pensamento livre. Não há dúvida que a liberdade e a informação são os melhores remédios contra a proliferação de conteúdo inverídico”, disse Toffoli.
Por fim, o presidente do STF anunciou a criação de um painel multissetorial envolvendo a corte e diversas entidades, entre elas a ConJur, para criar métodos e orientações sobre como checar notícias fraudulentas.
O anúncio foi feito no evento “Fake News – Desafios para o Judiciário”, promovido na sexta-feira (24) pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
O diretor de Redação da Folha, Sérgio Dávila, comentou o momento do jornalismo profissional diante das notícias falsas. “A tarefa precípua do jornalismo é separar as news das fake news e publicar as news”, disse Dávila. “A diferença agora é que as fake news encontraram nas redes sociais um acelerador de partículas que as torna quase irresistíveis.”
O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, também comentou o papel que a imprensa pode desempenhar nesse cenário.
“A imprensa precisa decidir se quer ter o papel de induzir o comportamento dos seus eleitores, segundo algum tipo de viés político e ideológico, ou aprofundar aquele seu papel fundamental que é exatamente o de informar com clareza e com limpidez. Este me parece que é o grande papel histórico da imprensa neste momento”, disse Lewandowski.
O ministro do STF lembrou ainda as consequências das fake news, como a ascensão de teorias que colocam em dúvida se a Terra é redonda e até o heliocentrismo. “Aqui tiveram fake news que avançaram sobre as vacinas”, disse Lewandowski mencionando a volta do sarampo, doença erradicada até bem pouco tempo.