Segunda-feira, 15 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de fevereiro de 2019
A ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou notificar o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, a prestar esclarecimentos, caso queira, sobre uma entrevista dada por ele à revista Veja. O prazo estabelecido por ela é de dez dias.
A decisão de Rosa é da última segunda-feira (11), mas só foi tornada pública na quarta (13). Ela atende a um pedido do advogado Marcos Aldenir Ferreira Rivas, que apresentou uma interpelação judicial contra Vélez Rodríguez no STF, acusando-o de ter cometido os crimes de calúnia e difamação.
“As acusações do senhor Vélez, além de demonstrarem que dito alienígena não é merecedor da naturalização brasileira que lhe foi concedida, muito menos o é de ser Ministro de Estado da Educação, que é, sem dúvida, o mais importe Ministério do Governo Federal, na medida que sobre este órgão repousa a competência para tomar as decisões que influenciarão as futuras gerações dos brasileiros”, escreveu o advogado.
“Evidente que as palavras do Interpelado [Vélez Rodríguez], ainda que utilizadas no singular e propositadamente de forma genérica (o brasileiro viajando) deixam dúvida sobre qual brasileiro especificamente se refere, que além da absoluta falta de moral e cívica, as quais diz ele querer implantar nas escolas brasileiras, dito indivíduo imputa por duas vezes conduta tipificada como crime”, disse ainda na petição apresentada ao STF.
O ministro é colombiano, mas se naturalizou brasileiro. Professor universitário, ele foi indicado a Jair Bolsonaro para comandar o MEC por Olavo de Carvalho, o filósofo considerado “guru” da direita brasileira.
O ministro da Educação também pode ser convocado a dar explicações na Câmara dos Deputados. O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) diz já ter conseguido assinaturas suficientes para forçar o presidente da Casa, Rodrigo Maia, a chamar Vélez ao plenário da Casa.
Em um vídeo postado em seu Twitter, Alessandro Molon chama a declaração do ministro de inaceitável e lembra que ele não é brasileiro. “São declarações inaceitáveis de um ministro estrangeiro que é naturalizado e não respeita os brasileiros”, disse o deputado.
Também por meio de seu Twitter, Molon confirmou que já obteve o número necessário de assinaturas e que espera que o ministro peça desculpas a todos os brasileiros na Câmara, como já fizeram outros ministros de governos anteriores.
Esta é a terceira polêmica envolvendo Ricardo Vélez Rodríguez. A primeira aconteceu quando o ministro autorizou a edição de um edital que permitia que os livros didáticos trouxessem erros de português e não necessitassem de referências bibliográficas. Depois Rodríguez declarou que não é possível que a universidade chegue a todos os brasileiros.