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Brasil O Tribunal de Contas da União dá dez dias para Manaus informar se foi pressionada pelo Ministério da Saúde para usar a cloroquina

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As drogas orientadas não têm eficácia comprovada contra a doença. (Foto: Reprodução de TV)

O ministro Benjamin Zymler, do Tribunal de Contas da União (TCU), deu dez dias para que a secretaria de Saúde de Manaus (AM) informe ao TCU se foi pressionada a indicar medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19 pelo Ministério da Saúde.

“Informe se houve algum tipo de pressão por parte dos membros da força-tarefa do Ministério da Saúde quando da visita feita no dia 11/1/2021, para que essa unidade de saúde difundisse a utilização de medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina e/ou ivermectina no tratamento precoce dos pacientes com Covid-19 nesse município”, escreveu.

Em janeiro, em meio ao crescimento no número de casos da doença no Amazonas e a crise provocada pela falta de oxigênio para tratar pacientes, o governo federal enviou um ofício à Manaus classificando como “inadimissível” a não adoção da orientação da pasta, que inclui o uso de medicações antivirais para o tratamento precoce da Covid-19. As drogas orientadas não têm eficácia comprovada contra a doença.

No despacho, assinado na sexta-feira passada, o ministro do TCU pede informações sobre o ofício, enviado pela secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, e sobre a visita feita por uma força-tarefa da pasta ao município. Zymler também pede que Manaus envie posicionamento sobre o uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina no tratamento de doentes de Covid-19.

Medicamento off label

A infectologista Ana Helena Germoglio ressalta o que vem sendo repetido pelos especialistas: “Não temos, hoje, nenhuma droga eficaz no tratamento da covid”. Ela explica que a cloroquina, em casos de novo coronavírus, encaixa-se no chamado medicamento off label, remédio utilizado para algo que não existe indicação prévia na bula.

“Para prescrever isso, devemos apontar os riscos e os benefícios desse tipo de tratamento, já que esse remédio não nasceu para esse tratamento”, ressalta a especialista. Ela lembra que há estudos avançados que procuraram responder aos questionamentos de benefícios e malefícios desse uso.

“Alguns estudos, bem iniciais, apontaram que o uso da cloroquina poderia ter efeito in vitro na redução da carga viral. Entretanto, um dos estudos de maior evidência que temos em relação à cloroquina são os RCTs, aqueles randomizados controlados. Já existem várias pesquisas assim que provam que o paciente não tem um benefício e pode até ter um malefício quando administrados”, pontua. Ana Helena conclui, detalhando que “os RCTs têm um nível de evidência acima dos estudos 2-A”, pois são de evidência A, enquanto os de nível 2 são de evidência B.

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