Um dia depois que a Anvisa aprovou o uso emergencial de duas vacinas contra a covid-19, o ministro Pazuello afirmou que o ministério nunca orientou o “tratamento precoce” da covid-19 e sim, o “atendimento precoce”.
Em maio, no entanto, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a assinatura por Pazuello de um protocolo sobre o uso, desde o aparecimento dos primeiros sintomas, de hidroxicloroquina, remédio sem comprovação científica de eficácia contra a covid.
Em setembro, durante a posse de Pazuello como ministro da Saúde, após três meses e meio como interino, o presidente se referiu a si mesmo como “doutor Bolsonaro” e fez propaganda da hidroxicloroquina exibindo uma caixa do medicamento à plateia.
Em 21 de maio, com Pazuello à frente da pasta ainda como ministro interino, o Ministério da Saúde divulgou uma nova versão de um documento técnico no qual recomendava que médicos receitassem cloroquina e a hidroxicloroquina mesmo em casos leves de covid-19.
Em outubro, estudo liderado pela Organização Mundial de Saúde em mais de 30 países apontou a ineficácia do uso da hidroxicloroquina e outras três substâncias no tratamento da covid-19.
Aplicativo
O TCU também pediu explicações sobre o aplicativo TrateCOV. O tribunal quer saber a unidade e o titular responsável pelo aplicativo, a descrição do funcionamento e se será mantido em funcionamento.
O aplicativo foi retirado do ar na última quinta (21). O sistema recomendava o “tratamento precoce” a pacientes, dentre eles recém-nascidos, com sintomas que podem ou não ser da covid-19. O “tratamento” indicado incluía medicamentos que, segundo demonstraram diferentes estudos, não funcionam contra a doença, como a cloroquina, a hidroxicloroquina e a azitromicina.