O Twitter anunciou na terça-feira (19) a chegada de uma nova função à ferramenta “Listas”, disponível em sua interface. A novidade, que estreia hoje no iOS e deve chegar em algumas semanas no Android e desktop, permite que usuários denunciem as listas mais abusivas e usadas como meio de perseguição a certas pessoas.
Agora, tal qual você denuncia um tuíte ou mesmo o próprio usuário, no menu de Listas, você poderá clicar nos três pontos verticais no canto superior direito e marcar a lista desejada como “Abusiva ou danosa” (Abusive or Harmful). O Twitter pedirá por informações adicionais que fundamentem a denúncia e, a partir daí, enviará um e-mail de resposta confirmando o recebimento do material.
Lançada ao final de 2009, a função “Listas” tinha um objetivo nobre: reunir sob um mesmo guarda-chuva perfis de interesse sobre um tema específico para que usuários seguissem e, em alguns casos, participassem de eventuais discussões, gerando engajamento na rede social de microblogs.
O problema é que a função rapidamente tornou-se uma ferramenta abusiva, com usuários mais maléficos usando-a para perseguir grupos marginalizados – notavelmente, mulheres, minorias raciais e pessoas fora do espectro heteronormativo – a fim de que tais perfis fossem assediados por milícias virtuais. O “Listas” tornou-se um mecanismo de escape para pessoas de má intenção, que viram na função uma forma de perseguir e abusar de pessoas na rede social sem precisarem tuitar diretamente a elas. O Twitter, em sua gestão, nunca prestou muita atenção ao que acontecia com o “Listas”.
O ponto de descontentamento é o de que, efetivamente, qualquer um pode adicionar você a uma lista sem que você saiba. Em 2017, o Twitter deixou de notificar usuários quando estes eram incluídos em alguma lista, revertendo a decisão pouco tempo depois após reclamações de que as notificações em si eram a forma que usuários poderiam saber se foram admitidos em uma lista sem seu conhecimento.
Essa é mais uma medida da rede social de microblogs para coibir abusos e perseguições em sua plataforma, mas o próprio Twitter reconhece que ainda há um longo caminho pela frente: a empresa já admitiu que, apesar de todas as tecnologias inteligentes disponibilizadas, muitas das denúncias ainda recaem sobre a proatividade (ou falta dela) dos usuários. Segundo métricas divulgadas pela própria plataforma, apenas 38% das denúncias são previamente detectadas por algoritmos ou outros recursos automatizados, com o restante dependendo especificamente de um usuário ver ou sofrer situação de abuso para relatar o incidente.