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Por Redação O Sul | 12 de junho de 2017
De um lado, a qualidade do sono e sua importância para o bem-estar do corpo. Do outro, a quantidade de sono e o uso de celular até altas horas da noite. Relacione os dois e você tem um cenário alarmante para os jovens.
É o que aponta estudo da Universidade de Murdoch, na Austrália. Pesquisadores examinaram o padrão de uso de aparelhos eletrônicos por jovens, sua interferência na qualidade do sono dos envolvidos e como isso pode afetar a sua saúde mental. Os estudos foram conduzidos com 1.101 adolescentes na faixa etária dos 13 aos 16 anos entre 2010 e 2013.
O estudo Celulares no Quarto: Trajetória de Hábitos de Sono e o Subsequente Desenvolvimento Psicossocial dos Adolescentes, foi publicado na revista Society for Research in Child Development.
A pesquisadora à frente dos estudos, Lynette Vernon, contou ao jornal britânico The Guardian que os resultados evidenciam a necessidade de se estabelecer limites para o uso de aparelhos eletrônicos à noite.
Neuropsicóloga e coordenadora do Departamento de Neurociências e Comportamento da ABS (Associação Brasileira do Sono), a Drª Katie Almondes disse ao E+ que o sono é um processo fisiológico “dinâmico e ativo”, com impacto em vários aspectos da saúde. Segundo ela, ele é “fundamental para o desenvolvimento de funções fisiológicas e biológicas, mas também para aspectos psicológicos e para um bom comportamento social”.
O resultado obtido apontou para a relação entre horas de sono perdidas ao usar aparelhos eletrônicos e o mal-estar mental dos pesquisados. Os estudantes com mais frequência de uso do celular no período noturno foram, também, os que apresentaram maiores índices de temperamento agressivo, depressão e até baixa autoestima.
Na opinião da neurologista e especialista do sono pela ABS, Drª Rosana Cardoso Alves, essa pesquisa se faz muito necessária nos dias de hoje. Ela conta que a maioria dos estudos acerca do tema aponta para as péssimas consequências do uso sem moderação do telefone celular para a saúde dos jovens.
Ela explicou ao E+ de que maneiras o uso de celular até altas horas da noite afeta o sono dos adolescentes: “Além de diminuir as horas dormidas, a troca de mensagens não permite que o sono tenha continuidade, o que é prejudicial. Também, a luminosidade dos aparelhos eletrônicos impede a produção adequada de melatonina, o hormônio ligado a uma boa noite de sono”.
A pesquisa chega a recomendar a adolescentes que utilizam o celular como despertador que o troquem por um relógio e mantenham o aparelho longe da cama.
Lynette Vernon, que chefiou o estudo, ainda disse que a conscientização foi a melhor forma de prevenção. E que quanto antes esse trabalho de educação for feito, melhor o resultado. Além disso, a pesquisadora destacou a necessidade dos pais darem bom exemplo, uma vez que eles são modelo de comportamento para os filhos.
O uso de telefone celular se tornou parte fundamental do cotidiano dos jovens e muitos não possuem restrições quanto ao seu uso. Segundo Lynette Vernon, é importante que a pesquisa “traduza para os pais e professores essa nova realidade à qual eles não foram expostos quando jovens”. (AE)