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Brasil O uso de plasma de pacientes recuperados contra o coronavírus é promissor, dizem cientistas

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Terapia baseada em anticorpos seria capaz de produzir imunidade imediata contra a Covid-19. (Foto: Reprodução)

Pioneiro em aplicar o tratamento experimental de plasma de convalescentes contra a Covid-19, o Estado do Rio tem agora seus primeiros resultados. Foram tratados pacientes graves atendidos pelo Instituto Estadual do Cérebro (IEC) e um estudo está à espera de publicação em revista científica. Paulo Niemeyer Filho, diretor- médico do IEC, vê no plasma um caminho promissor para bloquear o agravamento da doença.

“O plasma de convalescentes trará maiores benefícios a pacientes de enfermarias, para bloquear o avanço da doença. Aprendemos na UTI lições que podem contribuir para evitar que os doentes com Covid-19 precisem delas”, diz.

O diretor do IEC salienta que a infusão de plasma com anticorpos das pessoas que se curaram da Covid-19 é um processo relativamente simples e. Por isso, poderia ser usado em municípios sem boa infraestrutura. A premissa é que, em tese, os anticorpos presentes no plasma atuam contra a multiplicação do coronavírus.

Mortalidade cai

O estudo apontou tendência de redução da taxa de mortalidade, diz o supervisor da UTI do IEC, Pedro Kurtz. O trabalho analisou 113 pacientes de Covid-19 internados em UTI e não randomizados. Ou seja, seus casos foram comparados, mas a escolha não foi aleatória, como nos estudos randomizados, o que permitiria estudar sem qualquer viés a resposta do paciente ao tratamento.

Receberam infusão de plasma de convalescente 41 pacientes. Os outros 72 não receberam plasma e seus casos foram considerados apenas para comparação.

A média de idade dos pacientes foi de 58 anos, 61% homens e 39% mulheres. Dos 41 que receberam plasma com anticorpos apenas sete não usaram ventilação mecânica. Esses sete sobreviveram.

Após 14 dias de internação, 42% dos que não receberam plasma de convalescente morreram. Entre os que receberam a infusão, o percentual de mortos foi de 29%. Depois de 28 dias, porém, a diferença foi reduzida: 56% dos que não receberam plasma morreram; 49% dos tratados com a infusão faleceram.

“É preciso cautela, mas observamos uma queda de marcadores inflamatórios e houve aumento dos linfócitos. Isso é significativo pois pacientes graves de Covid-19 sofrem linfopenia (redução do número de linfócitos)”, diz Kurtz.

Ele explica que, para mostrar significância estatística do plasma na redução da taxa de mortalidade, o estudo precisaria incluir ao menos mil pacientes ou ter revelado queda sensível da mortalidade.

O tratamento experimental com plasma de convalescentes no Rio tem coordenação do Hemorio, que recrutou os voluntários e colheu o plasma. O material foi testado e, uma vez aprovado, preparado para a infusão nos pacientes.

A UFRJ fez os exames para detectar se o plasma doado tinha anticorpos capazes de neutralizar o vírus. O IEC foi um dos três hospitais que aplicaram o tratamento.

Niemeyer conta que decidiu se pronunciar sobre o estudo porque o coronavírus continua a avançar:

“Se fôssemos esperar publicação em revista científica, deixaríamos de oferecer uma possibilidade de tratamento para muita gente que não pode esperar. O plasma pode ser uma opção nas UPAs.”

Segunda aplicação

O diretor-médico do IEC considera crucial a descoberta de que era necessário aplicar uma segunda bolsa de plasma. Como a carga viral era medida diariamente, os pesquisadores verificaram que, por volta do quarto dia após a infusão, a concentração de vírus caía. Mas, depois, voltava a subir.

“Foi aí que decidimos fazer a infusão de uma segunda bolsa de plasma, e a mortalidade caiu de 40% para 17%. Repetir a infusão mudou tudo. Tivemos três grupos de pacientes: os que não receberam plasma, os que receberam uma infusão e os que receberam duas. No terceiro grupo, a taxa de letalidade caiu para 17%”, destaca.

Segundo ele, o melhor resultado aconteceu quando o paciente recebeu o plasma antes de ser colocado em ventilação.

Amilcar Tanuri, virologista e professor da UFRJ, diz que esse foi um primeiro passo:

“O plasma é seguro, não tem efeitos tóxicos, reduz a carga viral e a inflamação. Poderá ser uma opção para pacientes de média gravidade.”

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