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O valor das ações da Eletrobras disparou após o governo anunciar a sua privatização

Bolsa recupera-se de quedas recentes e fecha semana com ganhos. (Foto: Reprodução)

O principal índice de ações brasileiras fechou em alta de mais de 2% nessa terça-feira, superando pela primeira vez em mais de 6 anos o patamar de 70 mil pontos. O avanço dos papéis da Eletrobras foram o grande destaque do dia, com valorização de quase 50% nos papéis ordinários, após o governo anunciar plano de vender o controle da estatal de energia elétrica.

O Ibovespa subiu 2,01%, a 70.011 pontos, no maior patamar de fechamento desde 19 de janeiro de 2011, quando encerrou a 70.058 pontos. No ano, o índice acumula alta de 16,24%. Somente na parcial de agosto, o Ibovespa tem valorização de 6,2%.

Eletrobras

As ações ordinárias da Eletrobras, que dão direito aos acionistas voto nas assembleias, subiram 49,3%, para R$ 21,20. Já as ações preferenciais, que dão aos acionistas prioridade no recebimento dos lucros da empresa, avançavam 32,08%, a R$ 23,55.

 Com a disparada dos papéis, a Eletrobras ganhou R$ 9,13 bilhões em valor de mercado em um único dia, segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica.

Privatização

O passo do governo em relação à estatal de energia elétrica foi bem recebido por agentes de mercado, que veem uma sinalização de diminuição do tamanho do Estado.

O governo anunciou na véspera plano de vender o controle da Eletrobras, em movimento que pode gerar uma arrecadação de até R$ 20 bilhões para a União.

O ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, informou nesta terça-feira que a hidrelétrica de Itaipu, administrada pelo Brasil junto com o Paraguai, e a Eletronuclear, subsidiária à qual estão vinculados os projetos na área de energia nuclear, deverão ficar de fora da privatização da Eletrobras. O ministro disse também que, com a privatização, as tarifas de energia podem cair no médio prazo para o consumidor.

De acordo com o ministro, a proposta de privatização vai ser entregue nesta quarta-feira  para o Programa de Parcerias de Investimento (PPI), órgão do governo Michel Temer que trata de privatizações e concessões. O envio da proposta é um passo inicial do processo.

Repercussão

Em nota, a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) avalia como “corajosa” a decisão do governo. “Além de contribuir para o ajuste das contas públicas, a privatização da Eletrobras sem dúvida representará um marco para o setor elétrico no Brasil, com ganhos inclusive para os consumidores, na medida em que pode resultar em redução do preço da energia elétrica graças aos ganhos de eficiência”, disse.

A equipe do Credit Suisse destacou que a a proposta de perda de controle por aumento de capital não precisaria ser aprovada pelo Congresso, o que, em tese, facilitaria sua execução. “A ideia de diluição de controle nos parece ser a mais viável, na situação de uma verdadeira tentativa de turnaround na empresa, já que as restrições de empresa estatal e os passivos históricos da companhia impedem uma gestão mais efetiva atual”, escreveu.

Já a agência de classificação de risco Moody’s disse que o plano de privatização é um fator de crédito negativo para a estatal, já que traz incertezas sobre o apoio governamental em momentos de necessidade e cria distrações “que podem prejudicar outras iniciativas, incluindo a estratégia de reestruturação da companhia iniciada em novembro passado”, destaca a Reuters.

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