O vice-presidente Hamilton Mourão disse, em um evento nos Estados Unidos, que, se o governo de Jair Bolsonaro “errar demais”, a “conta” irá para as Forças Armadas. Ele deu a declaração no domingo (07) em resposta a uma pergunta sobre a presença de militares no governo durante um painel da Brazil Conference, em Boston. O evento foi organizado por estudantes da Universidade Harvard e do Massachussetts Institute of Technology.
Questionado por um estudante sobre a possibilidade de a presença de vários militares em cargos e funções de governo “corroer” a “unidade” e a “legitimidade” das Forças Armadas, Mourão afirmou que o governo não pode errar demais. “Se o nosso governo falhar, errar demais – porque todo mundo erra –, mas se errar demais, não entregar o que está prometendo, essa conta irá para as Forças Armadas. Daí a nossa extrema preocupação”, declarou o vice.
Ele também se referiu a uma conversa com Bolsonaro no dia do segundo turno da eleição, depois de confirmada a vitória nas urnas. “E as palavras que o presidente falou no domingo à noite, no dia 28 de outubro, quando fomos eleitos. Ele olhou pra mim e disse assim: ‘Nós não podemos errar’”, afirmou Mourão. O vice-presidente disse que as Forças Armadas “não estão no poder”, embora dois militares tenham sido eleitos [Bolsonaro e ele].
“O presidente Bolsonaro, 30 anos fora das Forças Armadas, ele é um político, mais político do que um militar, mas carrega dentro de si, obviamente, toda aquela formação que nós tivemos”, afirmou. Segundo Mourão, os militares chamados a compor o governo estão todos na reserva, e as Forças Armadas “continuam com a sua missão constitucional de defesa da Pátria”.
Congresso
O vice-presidente ainda disse que a intenção do governo é buscar “maiorias transitórias” no Congresso, associadas a reformas. Em sua fala, Mourão admitiu que a proposta inicial, de negociar com bancadas temáticas, não deu certo.
“Agora, o presidente mudou a estratégia. Essa estratégia não deu certo. Eu entendo que a visão dele é buscar maiorias transitórias para cada uma das nossas propostas. A proposta-chave agora é a aprovação da reforma da Previdência. Então, vamos construir uma maioria para ela”, disse.
Segundo ele, essa é uma nova forma de se tentar organizar o relacionamento com o Congresso. “É óbvio que tem de haver diálogo. O governo tem de ter clareza, ninguém pode ter dúvida sobre os objetivos do governo, tem que ter determinação, para levar à frente e buscar a conquista desses objetivos, e ter paciência. Muita paciência e muito diálogo”, declarou.