O vice-presidente do Senado, senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), pediu nesta quinta-feira (24), a demissão do presidente da Petrobras, Pedro Parente. Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, o tucano criticou o que chamou de “arrogância” de Parente por não aceitar rediscutir a política de preços dos combustíveis. Cunha Lima declarou que “um governo minimamente sólido” já o teria demitido.
“Se o Pedro Parente não aceitar rever a política de reajuste, que ele saia da Petrobras ou o presidente da República exerça o mínimo de autoridade. Um governo minimamente sólido já o teria demitido. Com todo respeito a ele, a Petrobras não é maior do que o Brasil, nem o Pedro Parente é maior do que a Petrobras. Tem uma inversão completa. Parece que as pessoas não percebem que a atitude dele está provocando o caos no Brasil”, disse.
Na quarta-feira, a Petrobras anunciou a redução de 10%, por 15 dias, no preço do diesel, o que seria um prazo para o governo e caminhoneiros concluírem as negociações.
Na Câmara, o projeto da reoneração da folha de pagamento de setores produtivos foi aprovado na quarta-feira, incluindo isenção ao óleo diesel das alíquotas de PIS e Cofins até 31 de dezembro de 2018. A matéria ainda precisa passar pelo Senado.
O presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB-CE), disse nesta quinta-feira que ainda não recebeu “nada” do projeto e evitou responder quando será possível pautá-lo.
Crise: “se tornando séria”
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, apresentou seus argumentos a investidores e analistas para justificar a decisão anunciada na quarta-feira (23), de reduzir o preço do diesel e congelá-lo por 15 dias. Em teleconferência, afirmou que a diretoria percebeu, ao longo do dia, que a crise provocada pela greve dos caminhoneiros estava se agravando, o que gerou a percepção de que alguma medida deveria ser tomada.
“Discutimos que poderíamos promover mudanças temporárias dentro da lei. Tenho certeza de que seguimos os melhores interesses da empresa. Oferecemos nossa contribuição para resolver o problema e estamos certos de que fizemos o melhor”, disse o presidente da Petrobras.
Em reação ao anúncio feito pela empresa, os investidores castigaram as ações da petroleira, que abriram o pregão desta quinta-feira em queda. “Entendemos que a medida causou reação negativa no mercado”, afirmou Parente, justificando, em seguida, que a estatal reagiu às circunstâncias nas quais estava inserida, de crise de abastecimento à população e de possibilidade de prejuízos à sua própria atividade.
Acordo aceito
Após sete horas de reunião, o governo e um grupo de caminhoneiros anunciaram acordo para suspender, por 15 dias, a paralisação que afetava estradas de 25 Estados e do Distrito Federal.
O acordo foi anunciado pelo ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) em entrevista coletiva, na noite desta quinta-feira (24). De acordo com ele, das 11 entidades que participaram das negociações, apenas a União Nacional dos Caminhoneiros não concordou com os termos.
A Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros) confirmou que também não concorda com a política do governo. Mais cedo, a associação, que reivindica que a redução dos impostos se transforme em lei, abandonou a reunião com o governo.
Como resultado da reunião, além de zerar a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre o diesel — medida já anunciada na última terça-feira, o governo se comprometeu a ressarcir a Petrobras para que a estatal estenda por um mês o desconto de 10% sobre o preço do diesel na bomba.