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Obesidade aumenta 90% entre jovens de 18 a 24 anos em apenas 1 ano

Hoje, 56% dos adultos brasileiros têm obesidade ou sobrepeso (34% com obesidade e 22% com sobrepeso). (Foto: Reprodução)

Estudo da UFPel (Universidade Federal de Pelotas) em parceria com a organização global de saúde pública Vital Strategies alerta que a obesidade atinge 17,1% dos jovens de 18 a 24 anos no Brasil.

A taxa corresponde a um expressivo aumento de 90% em comparação com o ano anterior, quando 9% dessa população tinha índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 30 kg/cm². O dado integra o Covitel 2023, Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia.

“Os dados da Vigitel já mostravam que população está cada vez mais em risco porque ela come mal, bebe mais e não faz atividade física e uma hora a conta chega. Mas não esperávamos esse aumento de 90. É algo que nos chamou muito a atenção. Esse é um jovem que passou o fim da sua adolescência, que é um momento de muita interação, na pandemia. Em vez disso, ele estava dentro de casa”, salienta Luciana Vasconcelos Sardinha, gerente sênior de DCNT (sigla para Doenças Crônicas Não Transmissíveis) da Vital Strategies.

Luciana atenta para os hábitos de vida pouco saudáveis dessa população. O levantamento mostrou que:

– 32,6% dos jovens de 18 a 24 anos relataram episódio recente de consumo abusivo de álcool;
– Essa é a faixa etária que menos consome frutas, verduras e legumes e a que mais consome refrigerante ou sucos artificiais;
– Têm alto nível de sedentarismo: apenas 36,9% praticam os 150 minutos semanais recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS);
– Líderes em tempo de tela: 76,1% utilizam dispositivos como celulares, tablets ou televisão três horas ou mais por dia para lazer;
– Cerca de metade não dorme a quantidade de horas recomendadas para a idade.

“Precisamos lembrar que os jovens são uma força econômica para o país e isso representará um grande problema. Se continuar assim, teremos uma população de obesos, com doenças crônicas não transmissíveis. Além disso, tem a questão da saúde mental, que é preocupante. Precisamos de uma política pública de estado com foco nessa população para evitar problemas na economia e também no sistema de saúde “, avalia.

Os efeitos destes hábitos tem a tendência de se agravar com o tempo. Todavia os problemas de saúde já começam a aparecer: 8,2% dos jovens de 18 a 24 anos, o que corresponde a 1,4 milhão de pessoas, têm hipertensão e 2,2% ou 750 mil jovens têm diabetes.

A pesquisa ouviu 9 mil brasileiros de todas as regiões do Brasil, incluindo interior e capitais. O objetivo do levantamento é verificar a magnitude do impacto dos principais fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) na população adulta brasileira (18 anos ou mais).

O questionário trazia perguntas sobre percepção geral de saúde, prática de atividade física, hábitos alimentares, saúde mental e prevalência de hipertensão arterial e diabetes, além de consumo de álcool e de tabaco.

Brasileiros com sobrepeso

Atualmente, 56,8% dos brasileiros está com excesso de peso. O percentual representa a soma das pessoas com sobrepeso e com obesidade, ou seja, com IMC (índice de massa corporal) igual ou acima de 25. A taxa chega a 68,5% na faixa etária com idade entre 45 e 54 anos e a 40,3% entre os mais jovens, com 18 a 24 anos.

Além disso, 10,3% da população têm diagnóstico médico de diabetes. Os grupos mais afetados são pessoas com 65 anos ou mais (26,2%) e pessoas com até oito anos de escolaridade (15,7%).

Quando se trata de hipertensão arterial, 26,6% dos brasileiros receberam o diagnóstico, com maiores prevalências entre mulheres (30,8%), idosos com mais de 65 anos (62,5%) e aqueles com até oito anos de escolaridade (38%). Entre os mais escolarizados, a prevalência cai para menos da metade (15,6%).

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