Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de outubro de 2022
Conhecida por promover sentimentos de amor, união social e bem-estar, a Ocitocina, ou também chamada de “hormônio do amor”, atua na regulação do processo de produção de leite materno e das contrações uterinas nas mulheres, além de regular a ejaculação, o transporte de espermatozoides e a produção de testosterona nos homens. Cientistas da Universidade do Estado do Michigan, nos Estados Unidos, descobriram mais um importante objetivo para ela: a regeneração do coração.
Na pesquisa, os cientistas verificaram que, em peixes-zebra, e culturas de células humanas, o hormônio é capaz de estimular que as células-tronco derivadas da camada externa do coração migrem para a camada intermediária. No chamado miocárdio elas se desenvolvem em células musculares que geram contrações cardíacas, chamadas cardiomiócitos. Ajudando no restabelecimento do órgão após um ataque cardíaco, por exemplo.
O peixe foi escolhido por ter uma capacidade alta de regeneração de órgãos e tecidos, incluindo o cérebro, coração, ossos e pele. Os corações dos animais sofreram lesões por congelamento durante três dias, e os pesquisadores observaram que a ocitocina fez aumentar a expressão do RNA mensageiro em até 20 vezes.
“No artigo, mostramos que a ocitocina é capaz de ativar mecanismos de reparo cardíaco em corações feridos em peixes-zebra e culturas de células humanas, abrindo as portas para novas terapias potenciais para a regeneração de corações humanos”, afirma Aitor Aguirre, o principal autor do estudo.
Essas contrações cardíacas, chamadas de cardiomiócitos, geralmente morrem em grande número após um ataque cardíaco. Por serem células altamente especializadas, elas não podem se refazer. Estudos mais antigos já mostraram que um subconjunto de células na camada de tecido externa do coração (epicárdio) pode sofrer reprogramação para se tornarem células-tronco.
As análises mostraram ainda que essa ocitocina viaja para o epicárdio do peixe-zebra e se liga ao receptor de ocitocina, desencadeando uma cascata molecular que estimula as células locais a se expandirem e se desenvolverem células progenitoras. Essas novas células então migram para o miocárdio do peixe-zebra para se desenvolver em cardiomiócitos, vasos sanguíneos e outras células cardíacas importantes, para substituir aquelas que foram perdidas.
Como foi possível induzir a produção em laboratório, os cientistas acreditam que, em algum grau, isso também é viável em humanos. “Esses resultados mostram que é provável que a estimulação pela ocitocina da produção de células progenitoras seja evolutivamente conservada em humanos em uma extensão significativa. A ocitocina é amplamente utilizada na clínica por outras razões, portanto, reaproveitar os pacientes após danos cardíacos não é um longo passo de imaginação. Mesmo que a regeneração do coração seja apenas parcial, os benefícios para os pacientes podem ser enormes”, explicou Aguirre. As informações são do jornal O Globo.