Domingo, 09 de março de 2025
Por Redação O Sul | 15 de dezembro de 2024
Ao pedir a prisão do general do Exército Walter Braga Netto, a Polícia Federal (PF) apontou que ele financiou a ação dos oficiais das Forças Especiais do Exército, os “kids pretos”, para assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin, além do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) – na época também presidente do Tribunal Superior Eleitoral –, em 2022.
Braga Netto teria entregado recursos aos golpistas em uma sacola de vinho. A informação foi repassada pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, em sua delação. “Braga Netto também teria atuado de forma direta e pessoal no financiamento das ações ilícitas, fornecendo recursos financeiros em uma sacola de vinho, ratificando sua atuação preponderante na execução dos atos criminosos”, afirma a PF.
O dinheiro teria sido entregue ao major Rafael Martins de Oliveira, preso e indiciado na Operação Contragolpe, e serviria para o “financiamento das despesas necessárias a realização da operação”.
Em depoimento, Mauro Cid afirmou que, segundo o próprio Braga Netto, o dinheiro “havia sido obtido junto ao pessoal do agronegócio”. A Polícia Federal não identifica quem teria enviado o dinheiro. Não há relato de valores.
A Polícia Federal também atribui a Braga Netto envolvimento direto com a “Operação Punhal Verde e Amarelo”, ação de militares para a execução de autoridades. A casa do ex-ministro, em Brasília, teria sido usada para planejar a missão golpista, em novembro de 2022. O general é apontado como um interlocutor dos kids pretos com o Palácio do Planalto.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, concordou com a prisão preventiva. Consultado por Moraes, ele emitiu parecer favorável à prisão do ex-ministro por tentativas de obstruir a investigação.
Em sua manifestação, Gonet afirma que há provas suficientes de “autoria e materialidade dos crimes graves cometidos” e defende que Braga Netto representa “risco concreto à ordem pública e à aplicação da lei penal”.
“As medidas cautelares diversas da prisão não se revelam suficientes. Nesse contexto, a prisão preventiva requerida afigura-se como medida capaz de garantir a ordem pública, a aplicação da lei penal e a conveniência da instrução criminal, evitando-se a continuidade do esquema criminoso deflagrado e das interferências nas investigações, que seguem em curso”, afirma o parecer de Gonet.
O inquérito que apura tentativa de golpe de Estado está com a Procuradoria-Geral da República. O relatório de 884 páginas em que a PF enquadrou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Braga Netto e mais 38 investigados afirma que a organização criminosa objetivava a concretização de um golpe de Estado e da abolição do estado democrático de direito no País. Moraes determinou o fim do sigilo do inquérito que envolve as operações Tempus Veritatis e Contragolpe. (Estadão Conteúdo)