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Por Redação O Sul | 26 de outubro de 2017
Onze deputados mudaram seus votos nesta quarta-feira (25) em relação à análise da primeira denúncia contra o presidente Michel Temer, em agosto passado.
Oito deles estiveram ao lado do presidente à época e agora votaram pelo prosseguimento da investigação.
Quatro deles são do PSD (Heuler Cruvinel-GO, Jaime Martins-MG, Delegado Éder Mauro-PA e João Paulo Kleinubing-SC).
Houve ainda deserções no DEM (Abel Mesquita Jr.-RR), PMDB (Mauro Mariani-SC), Podemos (Cícero Almeida-AL) e PRB (João Campos-GO). Outros 15 deputados também votaram com Temer anteriormente, mas nesta segunda análise se ausentaram.
Centrão
Se considerados os partidos que formam o centrão (como PP, PSD, PR, PTB e PRB), o governo perdeu cinco votos no total (149 para 145). Durante os últimos dias, 40 deputados desse grupo receberam atenção especial do
governo, pois ameaçavam mudar de lado na votação.
Inversão
Por outro lado, o presidente conseguiu agora apoio de três deputados que votaram contra ele na primeira denúncia. Todos são do PRB (Ronaldo Martins-CE, Carlos Gomes-RS e César Halum-TO).
Outros cinco deputados também votaram contra Temer na primeira análise, mas agora se ausentaram (PDT, PSB, PSDB, Psol e Solidariedade).
Frentes
Em relação às frentes parlamentares, o governo Temer manteve a alta lealdade da bancada agropecuária e segurança pública, mas com leve queda.
A primeira foi de 69% para 67% dos votos; a segunda, de 56% para 55%. Na frente parlamentar dos direitos humanos, ele seguiu com 40% dos votos.
Regional
Em termos regionais, Temer perdeu mais apoio na Bahia e em Santa Catarina (três votos em cada Estado). No Amazonas, em Goiás e Pernambuco, foram dois votos a menos. Em Alagoas, Amapá, Minas Gerais, Pará, Piauí, Roraima e Sergipe, um.
O governo conseguiu ganhar apoio no Paraná (dois votos), Tocantins, Rio Grande do Sul, Paraíba, Distrito Federal e Ceará (um voto).
PSDB
Partido que vive intensa divergência se deve ou não seguir na base do governo, o PSDB apoiou Temer um pouco menos nesta votação. Se na primeira análise 21 deputados votaram contra o presidente, agora foram
23.
Governistas
Governistas comemoram decisão da Câmara de negar autorização (SIP 2/17) para o STF (Supremo Tribunal Federal) processar, por crime comum, o presidente da República, Michel Temer, e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral). Base aliada fala em “virada de página”, enquanto a oposição vê “Brasil sem rumo” até as eleições de 2018.
Vice-líder do governo, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) lamentou o “tempo perdido” com a sucessão de denúncias e projetou uma nova fase do governo Temer.
“Vamos encerrar hoje esse triste capítulo da política brasileira, que começou em maio, em um conluio entre corporações públicas egoístas que se uniram a empresários inescrupulosos. O governo sai revigorado e com uma pauta forte: ‘agora, avançar’. E vêm imediatamente a reforma da Previdência, a simplificação tributária e outras reformas microeconômicas”, destacou.
Também pensando em ações futuras do governo Temer, o deputado Pauderney Avelino (AM), vice-líder do DEM, disse que o foco a partir de agora será a busca de solução principalmente para os problemas econômicos do País.
“Nós vamos buscar uma agenda de matérias urgentes e necessárias, passando pela discussão das questões fiscais do Brasil, segurança pública, mais recursos e melhoria na qualidade da saúde pública e, obviamente, continuar trabalhando no rumo certo da educação e das reformas”, defendeu.
Já a oposição não vê condições políticas de Temer conduzir o governo até as eleições do próximo ano. O líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), prevê o agravamento da situação das contas públicas devido às recentes decisões de Temer para agradar sua base aliada na Câmara.
“Qual é o Brasil que vai amanhecer amanhã? Com um governo sem base social, um governo que só tem uma maioria parlamentar, mas que não tem base nenhuma na sociedade brasileira para tomar medidas que possam retomar o crescimento da economia brasileira. Calcula-se que são R$ 33 bilhões que foram negociados com Refis e tudo aquilo que vai arruinar ainda mais as contas da Presidência da República”, avaliou.