Domingo, 29 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de maio de 2024
Já teve a sensação de acordar e sentir que o sono não foi suficiente? Segundo especialistas ouvidos pelo Valor, em muitos casos, as pessoas dormem durante oito horas e ainda assim acordam cansadas para ir trabalhar, o que pode acender um sinal de alerta. A essa fadiga, explica o pneumologista e médico do sono Rodolfo Bacelar, é dado o nome de “sono não-reparador”.
“Ele se dá pela incapacidade da noite de sono em fornecer uma de suas principais funções (mas não a única), que é a de ser um período de ‘renovação de energias’. Os motivos podem ser múltiplos: desde um tempo de sono insuficiente para nossas demandas, muitas vezes por mal hábito e uma rotina inadequada, até a presença de doenças do sono, como por exemplo a Apneia do Sono (mais conhecida pela presença do ronco), que impedem o adequado fluxo fisiológico desta importante função de nossos organismos”, explica o médico.
As queixas relacionadas ao sono têm sido frequentes na população. 45% dos brasileiros apontam algum problema de sono, podendo chegar a 80% dependendo do tempo e da abrangência das queixas, segundo a cartilha Semana do Sono 2024, feita pela Associação Brasileira do Sono, Associação Brasileira de Medicina do Sono e Associação Brasileira de Odontologia do Sono.
Ainda de acordo com a cartilha, entre as principais queixas que alertam sobre a presença de um distúrbio do sono estão:
• Dificuldades persistentes de iniciar ou permanecer dormindo;
• Fadiga ou baixa energia, com dificuldade em prestar atenção e redução de concentração;
• Perturbação do humor;
• Alterações de memória;
• Prejuízo no funcionamento ocupacional ou social.
Tempo ideal
Os especialistas explicam que existe uma diferença entre quantidade de sono e qualidade de sono e que, para acordar com sensação de satisfação em relação ao sono, é preciso ter os dois. Segundo Márcia Assis, neurologista e vice-presidente da Associação Brasileira do Sono, há um grande questionamento sobre a quantidade de horas para que o sono seja adequado, mas a qualidade, diz ela, também precisa ser levada em consideração.
O tempo ideal, como em qualquer situação biológica, varia entre indivíduos. Por isso, nem todos precisam dormir por oito horas para acordarem “satisfeitos” com o sono. Enquanto para uns, seis horas serão suficientes, para outros, sete serão inadequadas e precisarão de mais horas dormindo. O normal, considerado pelos especialistas ouvidos pelo Valor, varia entre cinco e nove horas.
Além disso, a necessidade vai variar por vários fatores individuais, incluindo a idade. Segundo Márcia, os idosos têm uma tendência a dormir mais cedo e acordar mais cedo, assim como têm mais despertares durante a noite. “E isto é necessário para o entendimento do ‘normal'”.
A neurologista também pontua que algumas doenças do sono podem ser mais frequentes com a idade, entre elas insônia e apneia do sono, e que precisam de mais atenção aos sinais (falta de disposição, sonolência durante o dia, pausas respiratórias ao dormir, etc.). Nesses casos, o indicado, diz Márcia, é procurar ajuda médica.
Mesmo com a variação de quantidade de horas necessárias para cada pessoa, a qualidade do sono, incluindo a disposição ao acordar, não deve variar, explicam os especialistas. “A disposição está ligada com a qualidade. Acordar indisposto, com a sensação de que a noite de sono não rendeu o desejado, deve ser um sinal para procurar auxílio médico”, diz Bacelar.
Mais disposição
Confira abaixo oito dicas para acordar mais disposto para trabalhar:
• Mantenha horários regulares de dormir e acordar;
• Abandone o uso de telas pelo menos uma hora antes de ir dormir;
• Reduzir sons e colocar o celular no silencioso;
• Manter a prática de atividade física, que melhora a qualidade do sono, mas evitar o exercício físico duas horas antes do horário de dormir;
• Procurar luz natural durante o dia, especialmente ao despertar. “Isso pode deixá-lo mais disposto e é claro no período da noite reduzir estímulos, inclusive a luz artificial. Próximo do horário de dormir, procurar fazer uma atividade mais relaxante, como uma técnica de respiração, ler a página de um livro, ouvir música, meditação”, diz Márcia.
• Dar preferência para uma alimentação leve no período da noite e abandonar o uso de cafeína em torno das 16h horas;
• Ter o hábito de registrar os compromissos em uma agenda ou planner, pois isso ajuda o cérebro a relaxar antes de dormir, evitando o “alerta contra esquecimentos”;
• Evitar cochilos durante o dia. Caso cochile, que o sono não ultrapasse mais de 30 minutos, pois “rouba” as horas de sono noturno.