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Onda de covid lota necrotérios na China; hospitais e crematórios estão repletos

A partir de 8 de janeiro, a China deixará de exigir quarentena para quem viaja ao país. (Foto: Reprodução)

O fim da política de zero tolerância com a covid-19 na China levou a um aumento significativo das filas em hospitais, crematórios e em funerárias. Com dados oficiais que não refletem a realidade, observadores internacionais realizam relatórios com base em relatos de parentes de vítimas, número de pacientes admitidos com sintoma de febre em unidades de saúde e demanda no serviço funerário.

Nos últimos dias, as casas funerárias em Pequim estiveram lotadas, com alguns funcionários relatando mortes relacionadas à covid como a causa, de acordo com relatórios do Financial Times e da Associated Press. Uma recepcionista de uma funerária no distrito de Shunyi, em Pequim, que falou sob condição de anonimato, disse ao The Washington Post que todos os oito cremadores estavam operando 24 horas por dia, as caixas de congelamento de cadáveres estavam cheias, e havia uma lista de espera de cinco a seis dias.

Vários modelos do surto atual, que começou antes de uma flexibilização inesperada das restrições do coronavírus no início de dezembro, preveem que uma onda de infecções pode matar mais de 1 milhão de chineses, colocando a China em linha com o total de mortes por covid-19 nos Estados Unidos. Uma preocupação particular é a baixa taxa de vacinação entre as populações mais velhas, com apenas 42% das pessoas com 80 anos ou mais recebendo uma dose de reforço.

Depois que as autoridades pararam de relatar casos assintomáticos, o boca a boca se tornou a principal forma de rastrear o surto. As mídias sociais da China têm mostrado um fluxo constante de resultados de testes positivos, revertendo quase três anos da maioria das pessoas na China sem experiência com o vírus. Os hospitais lotaram constantemente, mesmo quando as autoridades anunciaram medidas para aumentar a capacidade de atendimento de emergência.

Funcionários que falaram sob a condição de anonimato por temer represálias afirmam que em diversas cidades o número de mortos disparou. Em Chongqing, cidade de 30 milhões de pessoas, o funcionário de um crematório afirmou que o número de corpos chegando ao local aumentou tanto que não havia mais espaço para guardar os cadáveres. Em Cantão, no sul da China, outro trabalhador afirmou que a média de corpos cremados por dia é superior a 30.

“É três ou quatro vezes mais que em anos anteriores, estamos cremando uns 40 cadáveres por dia, quando antes era apenas uma dezena”, disse um trabalhador da mesma região, mas de outro crematório, à agência France-Presse, acrescentando que era difícil dizer se o aumento de mortes era causado pela covid.

Silêncio público

O presidente da China, Xi Jinping, rompeu nesta segunda-feira seu silêncio público sobre a pandemia desde que a política de Covid zero foi aliviada no início deste mês, demandando que, sob as novas circunstâncias, as autoridades locais tomem medidas para “proteger eficazmente” as vidas dos chineses. Apesar do surto sem precedentes que o país atravessa, Pequim não dá sinais de recuo na reabertura, e a partir de 8 de janeiro deixará também de exigir quarentena para quem viaja ao país, aliviando restrições fronteiriças em vigor há quase três anos.

“Atualmente, a prevenção e o controle da Covid-19 na China enfrentam uma nova situação e novas tarefas”, disse Xi, segundo o canal estatal CCTV. “Devemos lançar uma campanha de saúde patriótica de um modo mais direcionado (…), fortalecer a linha comunitária de defesa para o controle e prevenção epidêmica e efetivamente proteger a vida, a segurança e a saúde das pessoas.” As informações são dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo.

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