A ONU (Organização das Nações Unidas) afirmou que, só em 2024, mais de 1,5 mil pessoas morreram no Haiti vítimas da violência armada. Gangues e grupos paramilitares tomaram o controle de várias partes do país nos últimos meses.
As Nações Unidas receberam relatos de execuções, linchamentos e pessoas queimadas vivas. Em 2023, a violência matou mais de 4 mil haitianos.
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, afirmou que a situação atual no Haiti, que vive uma intensa crise de segurança, é “catastrófica”. Ele fez um apelo à comunidade internacional para fazer mais para devolver esperança aos haitianos.
Em uma mensagem em vídeo, o oficial destacou que “a corrupção, a impunidade e uma governança quase inexistente, exacerbadas pelos crescentes níveis de violência de gangues, têm minado o Estado de Direito e levado as instituições estatais haitianas à beira do colapso”.
Ao enfatizar a ação dos grupos armados e seu uso indiscriminado de violência sexual contra mulheres, crianças e vítimas de sequestro, Turk indicou que “abordar a insegurança deve ser a mais alta prioridade para proteger a população e prevenir mais sofrimento humano”.
“É chocante que, apesar da terrível situação no terreno, as armas continuem a entrar no Haiti”, disse, exigindo “uma implementação mais eficaz do embargo sobre essas armas”.
O alto comissário também expressou “a necessidade urgente de implantação de uma missão para ajudar a polícia nacional a conter a violência”.
No entanto, ele advertiu que “o simples fortalecimento da segurança não levará a uma solução duradoura?: ?São necessárias políticas simultâneas voltadas para o restabelecimento do Estado de Direito”.
O Haiti decretou estado de emergência e toque de recolher na capital Porto Príncipe depois que uma penitenciária foi atacada por gangues armadas. O ataque resultou na fuga de milhares de detentos e provocou a morte de 10 pessoas.
O episódio piorou a situação do Haiti, que vive uma crise política, humanitária e de segurança desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021.
Em 11 de março, sem poder voltar ao país por estar sob ameaça das gangues, o primeiro-ministro Ariel Henry anunciou que renunciará ao cargo. O líder de uma desses grupos, Jimmy Churrasco, diz que caberá ao povo do Haiti escolher o governante.