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Por Redação O Sul | 2 de julho de 2017
A ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou nesta sexta-feira um corte de cerca de 600 milhões de dólares em seu orçamento anual para missões de paz, após a pressão dos Estados Unidos para reduzir o financiamento do organismo mundial. O orçamento de 7,3 bilhões de dólares previsto para o período de 12 meses a partir de 1º de julho foi aprovado por consenso pela Assembleia Geral.
O total considera os 6,8 bilhões de dólares aprovados pelos Estados-membros da ONU para financiar 14 missões e outros 500 milhões de dólares destinados às operações de paz no Haiti e na região sudanesa de Darfur.
Os Estados Unidos, o maior contribuinte financeiro às missões de paz, queriam um corte de quase 1 bilhão de dólares e a União Europeia também havia pedido a redução de custos. Esse orçamento, no entanto, é menor do que o secretário-geral da ONU, o português Antônio Guterres, havia solicitado aos Estados-membros.
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, disse que o financiamento é “significativamente menor” do que o disponível no ano passado, mas que o organismo mundial “fará tudo o que for possível para garantir que os mandatos sejam implementados”. “Não podemos subvalorizar a importância da manutenção da paz“, disse Dujarric. “Continua sendo o instrumento mais rentável a disposição da comunidade internacional para prevenir conflitos e promover condições para uma paz duradoura”, acrescentou.
Missão em Darfur
O Conselho de Segurança da ONU alargou por mais um ano o mandato da missão conjunta que mantém com a União Africana na região de Darfur (Unamid), no Sudão, mas determinou uma progressiva diminuição dos efetivos nos próximos anos.
A missão híbrida, que entrou em vigor em 31 de Dezembro de 2007, é uma das maiores da ONU no mundo, com 15.845 militares e 3.403 polícias. O orçamento anual é de 1 milhão de dólares.
Darfur é palco de um conflito entre movimentos rebeldes e o Exército do Sudão desde 2003. O confronto já causou mais de 300 mil mortos e obrigou 3 milhões de pessoas a abandonarem as suas comunidades de origem, segundo dados da ONU.
Mas a Organização das Nações Unidas tem registado uma redução dos confrontos na região, ainda que a situação permaneça frágil e existam riscos em relação à tendência positiva actual.
Com essa ressalva, o Conselho de Segurança decidiu que a Unamid reduzirá progressivamente o número de militares em duas fases, que começam no segundo semestre deste ano.
“A situação continua frágil, mas a evolução da Unamid tem que se adaptar à realidade”, afirmou um dos embaixadores da missão do Reino Unido na ONU, Peter Wilson. “Não vamos retirar os olhos de Darfur”, reforçou o diplomata.
A resolução aprovada, apresentada pelo Reino Unido, estende o mandato da Unamid até 30 de Junho de 2018 e encarrega a missão de focar os seus esforços na reconstrução de povoações e instituições nas regiões estabilizadas no Sudão.
Mas também determina que, progressivamente, o número de militares chegue a 11.395 e o de polícias a 2.888 nos próximos seis meses. A partir de Janeiro do próximo ano, haverá nova redução, passando para 8.375 militares e 2.500 polícias. Essa redução foi uma das recomendações feitas pela ONU e pela União Africana na revisão feita nos últimos meses sobre a Unamid e coincide com os esforços para buscar um novo foco para as missões de paz das Nações Unidas. Além de Darfur, se espera, também, uma redução significativa de efectivos da ONU na República Democrática do Congo.