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Mundo ONU pede que países vizinhos mantenham fronteiras abertas para afegãos em fuga

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Segundo o Acnur, mais de 550 mil afegãos foram deslocados internamente desde janeiro. (Foto: Reprodução/Youtube)

O retorno do Talibã ao poder no Afeganistão causa preocupações de que uma crise humanitária já antiga, fruto de quatro décadas de guerras e invasões, se acentue ainda mais. A Organização das Nações Unidas voltou a fazer um apelo para que todos os países vizinhos mantenham suas fronteiras abertas para os afegãos e ressaltou a necessidade de uma “resposta humanitária internacional ampla e urgente” na região.

Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), havia 2,6 milhões de refugiados afegãos no planeta no fim de 2020. O número de deslocados internos era ainda maior, aproximando-se de 3 milhões, e cresce significativamente: desde janeiro deste ano, mais de 550 mil afegãos foram deslocados internamente.

Com a “crise em evolução” após o Talibã retomar o poder no domingo, disse a porta-voz da Acnur, Shabia Mantoo, muitos que tentam escapar do território afegão não têm “uma rota clara de fuga”:

“A maior parte dos afegãos não consegue sair do país por canais regulares”, afirmou. “Hoje, aqueles que correm perigo não tem um caminho claro para escapar.”

Segundo Mantoo, há apenas “movimentos em pequena escala” de afegãos que cruzam as fronteiras, com muitos pontos-chave bloqueados pelo Talibã. Internamente, contudo, o movimento é grande: dos mais de meio milhão de deslocados dentro do Afeganistão este ano, a maioria deixou suas casas nas últimas semanas, à medida que o Talibã avançava pelo país. Quase 80% são mulheres e crianças, segundo o Acnur.

A maioria daqueles que conseguem sair vai para o Paquistão e o Irã, dois países que, sozinhos, abrigam quase 90% dos refugiados afegãos do planeta. Até 2020, havia 1,4 milhão de refugiados afegãos em solo paquistanês e 780 mil na República Islâmica. O número dos que não têm o status formal de refugiado é ainda maior — no caso afegão, estima-se que chegue a 1,5 milhão e, no iraniano, que passe de 2 milhões.

Mais refugiados

Os iranianos, com uma economia duramente asfixiada pelas sanções americanas, tentam há anos incentivar os afegãos a voltarem para casa e anunciaram que ordenaram que seus soldados impeçam a entrada de quem foge do país vizinho. As patrulhas do Talibã também impedem que muita gente chegue aos postos iranianos. O mesmo acontece no Paquistão, cujo governo projeta que até mais 700 mil refugiados busquem abrigo no país se a crise afegã piorar.

Outras nações da região, como o Uzbequistão e o Cazaquistão, impõem limites no número de refugiados que aceitam. A Turquia, por sua vez, que abriga o maior número de refugiados do planeta, em sua maioria sírios, constrói um muro em sua fronteira com o Irã e diz que não será um “porto seguro” para os afegãos.

Na Europa, a possibilidade de uma crise migratória como a de 2015, quando mais de um milhão de pessoas do Oriente Médio fugiram para lá, em sua maior parte sírios, gera aflição. Na Alemanha, que tem eleições no dia 26 de setembro, e na França, que vai às urnas no ano que vem, teme-se que o mero debate desperte o sentimento anti-imigração e xenofóbico, impulsionando grupos de extrema direita.

A maior parte dos países europeus, principalmente aqueles que tinham contingentes em solo afegão, concordaram em receber pequenos números de refugiados, mas deixam claro que não têm planos de abrirem as portas de forma mais ampla. Entre eles a Alemanha, que em 2015 recebeu mais de 1 milhão de sírios por decisão da chanceler Angela Merkel, o que lhe gerou prejuízos políticos na época. Até ela, que deixará o poder após quase 16 anos, já disse que a prioridade desta vez deverá ser abrigar os afegãos em países vizinhos.

Segundo a ONU, é necessário mais que as iniciativas de retirada que os países têm adotado para afegãos aliados — a fragilidade da situação, disse Mantoo, demanda “uma resposta humanitária internacional urgente e ampla”.

Mesmo após duas décadas de invasão americana e da guerra trilionária, o Afeganistão continua a ser um dos 20 países mais pobres do planeta — em 2019, antes da pandemia, apenas 1,8% dos trabalhadores afegãos ganhavam mais de US$ 3,1 por dia. De acordo com o Programa Mundial de Alimentos, um em cada três afegãos vive em situação de insegurança alimentar.

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https://www.osul.com.br/onu-pede-que-paises-vizinhos-mantenham-fronteiras-abertas-para-afegaos-em-fuga/ ONU pede que países vizinhos mantenham fronteiras abertas para afegãos em fuga 2021-08-21
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