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Onyx Lorenzoni nomeou um delegado da Polícia Federal como novo secretário-executivo da Casa Civil

O novo secretário-executivo é amigo de Onyx há anos e já atuava na Casa Civil desde 2019. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, escolheu um delegado da Polícia Federal (PF) para assumir o cargo de número 2 da pasta, função que ficou vaga após a demissão de Vicente Santini, na semana passada. O novo secretário-executivo, Marcos Paulo Cardoso Coelho da Silva, é amigo de Onyx há anos e já atuava na Casa Civil como assessor especial desde 2019.

Silva trabalhou como chefe de gabinete do ex-diretor-geral da Polícia Federal de Fernando Segovia, em 2017. Ele é pós-graduado em Ciências Criminais pela Universidade do Amazonas e bacharel em Direito pelo Uniceub (DF). Também chefiou delegacias especializadas e a Assessoria Parlamentar da PF.

No dia 28 de janeiro, Santini foi demitido após usar um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para uma viagem ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, e, depois, à Índia, onde encontrou a comitiva presidencial.

Um dia depois de ser exonerado, Santini acabou ganhando um novo cargo e, com a repercussão negativa nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro determinou o desligamento do secretário pela segunda vez. Também foi exonerado o assessor de comunicação de Onyx, Gustavo Chaves Lopes. Em meio a crise, Bolsonaro decidiu reduzir as atribuições da Casa Civil. O Programa de Parceria de Investimento (PPI) foi transferido para o Ministério da Economia.

Esta semana, Onyx demitiu outros dois auxiliares em busca de uma reformulação. Foram desligados o secretário especial de Relações Governamentais, Giacomo Trento, e o ex-senador Paulo Bauer (PSDB), assessor especial da Secretaria de Relacionamento Externo.

Articulação

Em meio ao esvaziamento da Casa Civil, o ministro Onyx Lorenzoni passou a trabalhar para reconquistar a articulação política do governo Jair Bolsonaro. Segundo aliados, a ideia de Onyx não é retomar o controle do diálogo com parlamentares no varejo, mas consolidar a relação com os principais líderes partidários e com a cúpula do Congresso.

A avaliação de Onyx e sua equipe é de que o general Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) não conseguiu assumir de fato o papel de intermediário entre as demandas do Legislativo e o Palácio do Planalto. Por isso, haveria espaço para o titular da Casa Civil mostrar ao presidente que, hoje, ele tem mais trânsito no Congresso do que o colega palaciano.

Embora tenha conseguido se estabilizar no cargo, aliados admitem ainda não haver clareza sobre papel atual de Onyx no governo, após ter perdido na semana passada o comando do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI). Para eles, a preocupação do chefe da Casa Civil deve ser a de desenhar uma estratégia para deixar de ser peça decorativa no Planalto.

Nesse cenário, a avaliação é de que a relação estreita com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), pode ser um ativo. Alcolumbre, inclusive, teria sido um dos principais articuladores pela sua permanência no governo.

Parte do Congresso, no entanto, vê a movimentação com descrença. Para essa ala, mesmo que o ministro se esforce para mostrar a deputados e senadores que atua com o aval de Bolsonaro, as recentes sinalizações do presidente indicam que seu poder foi minado. Ou seja, nessas condições, Onyx não teria respaldo para as negociações políticas e sua atuação seria inócua.

Parte dos colegas de Esplanada dos Ministérios também vê com descrença a permanência do ministro no governo. O entendimento é o de que, neste momento, não há mais condições de restabelecer a relação do chefe da Casa Civil com Bolsonaro e o restante do governo.

Apesar de ter como uma das principais funções a coordenação ministerial, Onyx, segundo integrantes da Esplanada, não tem conseguido desempenhar esse papel.

Um episódio recente tem sido citado frequentemente como sintoma dessa falta de atuação e de prestígio do ministro: nas primeiras reuniões em que foi discutida a criação do Conselho da Amazônia, Onyx era apontado como o nome para comandar o grupo. Segundo integrantes do governo, foi por sugestão de Ramos, no entanto, que Bolsonaro decidiu entregar ao vice-presidente Hamilton Mourão a coordenação das ações voltadas para a região.

Parlamentares próximos a Onyx dizem que o chefe da Casa Civil perdeu o timing de demarcar seu espaço no governo. A avaliação é que o ministro tinha que ter se posicionado de maneira mais firme em junho do ano passado, quando perdeu de uma só vez a articulação política, a função de fazer a análise jurídica de decretos e projetos de lei e o comando da imprensa nacional.

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