A Operação Vigilância Aproximada, deflagrada nesta quinta-feira (25) pela PF (Polícia Federal), é um desdobramento da Operação Última Milha, realizada em outubro do ano passado. Um dos alvos é o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Policiais estiveram no gabinete do parlamentar, no imóvel funcional ocupado por ele em Brasília e na residência do deputado no Rio de Janeiro. Ao todo, foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão. Sete policiais federais também são investigados na operação, que apura uma organização criminosa que teria se instalado na Abin com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas.
O que apontam as investigações?
Por meio do sistema chamado First Mile, conforme a PF, agentes da Abin monitoravam até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa.
O software israelense foi adquirido durante o governo do presidente Michel Temer (MDB), mas teria sido usado ilegalmente na gestão de Jair Bolsonaro (PL).
A suspeita é de que ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), governadores, outros políticos e jornalistas tenham sido monitorados. Segundo as investigações, a “necessidade” de monitorar essas pessoas era criada sem qualquer lastro técnico e sem autorização judicial.
O sistema criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados. Os agentes da PF identificaram mais de 30 mil usos ilegais do software.
Além do uso indevido do sistema, apura-se a atuação de dois servidores da Abin que respondiam a processo administrativo disciplinar. Ambos foram presos na fase anterior da operação.
De acordo com os investigadores, esses servidores teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão.