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Por Redação O Sul | 5 de setembro de 2017
A PF (Polícia Federal) e o MPF (Ministério Público Federal) deflagraram, na manhã desta terça-feira (5), uma operação para prender suspeitos de comprar jurados da eleição da cidade-sede da Olimpíada de 2016, que ocorreu no Rio de Janeiro.
A operação, batizada de Unfair Play, é mais uma etapa da Lava-Jato no Rio de Janeiro. Em março, o jornal francês Le Monde havia denunciado que, três dias antes da escolha da cidade, houve pagamento de propina a dirigentes do COI (Comitê Olímpico Internacional).
Por volta das 6h, os agentes chegaram à casa de Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e do Comitê Rio 2016, para cumprir mandados de busca. Estão sendo realizadas buscas também na sede do COB. Nuzman foi intimado a depor na sede da PF.
As investigações encontraram indícios de que Nuzman teve participação na compra de votos de membros do COI para os jogos e que teria sido o responsável por interligar corruptos e corruptores. O Ministério Público das Finanças francês já vinha fazendo essa investigação da compra de votos e, por um acordo de cooperação, está trabalhando com o Ministério Público Federal do Brasil. Na manhã desta terça-feira, autoridades francesas acompanharam a operação na casa de Nuzman, no Leblon, na Zona Sul do Rio.
Há um mandado de prisão preventiva contra Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como Rei Arthur (ex-dono da fornecedora do Estado chamada Facility), e outro contra Eliane Pereira Cavalcante, ex-sócia dele na empresa. Os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio.
O dinheiro do esquema vinha do empresário Arthur Soares, que chegou a ter contratos que somavam milhões de reais com o governo fluminense. O empresário abastecia uma conta no Caribe, que era gerenciada por um operador financeiro do grupo de Sérgio Cabral. Arthur Soares vive em Miami, nos Estados Unidos, e pode ser preso lá.
Em um prédio luxuoso em Laranjeiras, também na Zona Sul do Rio, os agentes cumprem o mandado de prisão contra Eliane. A empresa Facility possuía contratos milionários com o governo do Estado na gestão de Sérgio Cabral, através do fornecimento de pessoal e de serviços.
Os procuradores descobriram que o grupo, para ter mais contratos com o governo, pagava propina a Sérgio Cabral a partir de uma conta na Antígua e Barbuda. O dinheiro depositado nesta conta foi usado também para pagar a compra de votos para que o Rio fosse sede da Olimpíada do ano passado.
As investigações, iniciadas há nove meses, apontam que os pagamentos teriam sido efetuados tanto diretamente com a entrega de dinheiro em espécie, quanto por meio da celebração de contratos de prestação de serviços fictícios e também por meio do pagamento de despesas pessoais. Além disso, teriam sido realizadas transferências bancárias no exterior para contas de doleiros.
Setenta policiais federais cumprem dois mandados de prisão preventiva e 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do RJ na capital fluminense, no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e em Paris, na França. Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. (AG)