A PF (Polícia Federal) deflagrou, na manhã desta terça-feira (10), a Operação Tira Teima, um desdobramento da Lava-Jato, que investiga pagamentos de vantagens indevidas por um grupo empresarial a políticos do MDB aliados do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE).
De acordo com a PF, cerca de 40 policiais federais cumpriram oito mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Edson Fachin, relator dos processos da Lava-Jato no STF (Supremo Tribunal Federal). Não foram expedidas ordens de prisão.
A operação foi deflagrada a partir da delação do ex-diretor de relações institucionais da Hypermarcas Nelson Mello, um dos delatores da Operação Lava-Jato. Em depoimento a autoridades, Melo disse que repassou R$ 5 milhões para a campanha do presidente do Senado ao governo do Ceará em 2014 por meio de contratos fictícios.
Em fevereiro, a Hypermarcas mudou de nome para Hypera Pharma. A mudança foi aprovada por acionistas em assembleia geral extraordinária da empresa. A delação de Melo também serviu de base para o cumprimento de mandado de busca e apreensão no escritório do lobista Milton de Oliveira Lyra Filho durante a deflagração da Operação Sépsis, outra etapa da Operação Lava-Jato. Lyra Filho é apontado por investigadores como intermediário do pagamento de propina a senadores.
O que disseram os envolvidos
O advogado de Eunício Oliveira, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que não conhece a íntegra da delação de Nelson José de Mello, mas “pelo que foi divulgado” a colaboração é baseada “em um pressuposto falso”.
Ainda segundo o advogado, Eunício teve “três ou quatro encontros” com Milton em Brasília, mas nunca teve qualquer tipo de contato profissional com o lobista. Ele disse também que o senador cearense é “rigoroso” quando o assunto é doação de campanha.
“O que eu posso dizer é que a base da delação não é verdadeira. Não há irregularidade, não há doação ilegal, Eunício é rigoroso quanto a isso. A campanha do Eunício, basicamente, é feita por ele e por doações de grupos, a Hypermarcas, inclusive, doou para ele, mas não tem nenhuma ilegalidade”, afirmou o advogado.
Em comunicado, a Hypermarcas informou que Nelson Mello “autorizou, por iniciativa própria, despesas sem as devidas comprovações das prestações de serviços”, mas disse que a empresa “não se beneficiou de quaisquer dos atos praticados pelo ex-executivo”.
A empresa disse ainda que assegurou a devolução dos recursos desviados, afirmando que não foi beneficiada pelo suposto esquema. “A Companhia ressalta que não é alvo de nenhum procedimento investigativo e que não se beneficiou de quaisquer dos atos praticados pelo ex-executivo. Após o final da auditoria, com o fim de preservar os seus interesses e de seus acionistas, a Companhia celebrou um instrumento irrevogável e irretratável com o Sr. Mello, pelo qual assegurou ressarcimento integral pelos prejuízos sofridos.”