Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de fevereiro de 2018
O ex-governador da Bahia Jaques Wagner é investigado pela PF (Polícia Federal) por supostamente ter recebido R$ 82 milhões em propina do consórcio responsável pela construção da Arena Fonte Nova, em Salvador. Documentos, mídias e 15 relógios de luxo foram apreendidos no apartamento de Wagner, em um prédio no Corredor da Vitória, área nobre da capital baiana. As investigações fazem parte da Operação Cartão Vermelho, deflagrada nesta segunda-feira (26).
Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, a PF informou que ainda investiga a destinação final desses valores, mas afirmou que parte da quantia pode ter sido paga por meio de doações em campanhas eleitorais. Também foram cumpridos mandados na Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, pasta que ele comanda atualmente.
A PF ainda cumpriu mandados nas casas e escritórios do chefe da Casa Civil da Bahia, Bruno Dauster, e do empresário amigo de Wagner Carlos Daltro. A polícia investiga se Bruno e Carlos atuaram como intermediários para o recebimento de propina a Wagner. A Polícia Federal detalha que tanto Wagner, quanto Bruno e Carlos foram investigados no inquérito. Umas das entregas de propina feitas a Wagner, segundo a investigação da PF, no valor de R$ 500 mil, foi feita na casa da mãe do ex-governador, no Rio de Janeiro.
O consórcio responsável pela Arena Fonte Nova informou durante a manhã que está colaborando com as autoridades e ficou de enviar um comunicado por e-mail. A Polícia Federal informou que, para a operação desta segunda-feira iria a pedir à Justiça autorizações para realizar conduções coercitivas de Wagner, Bruno Dauster e Carlos Daltro a fim de colher depoimentos.
No entanto, como o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu as conduções coercitivas, a polícia, então, resolveu pedir prisão temporária dos três suspeitos, o que foi negado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Sendo assim, a PF pretende ouvir os três suspeitos em depoimento ainda a ser agendado.
Investigações
Segundo a delegada da Polícia Federal Luciana Matutino, esse inquérito tramita desde 2013 com base em estudo da Universidade Federal da Bahia que apontou que não havia vantagens na Parceria Público Privada para demolição e reconstrução da Arena Fonte Nova. Esse estudo foi enviado pelo Tribunal de Contas do Estado, que na época analisou as contas e julgou ilegal o contrato. “Em razão de laudos periciais, verificamos que houve fraude para beneficiar o consórcio formado pela Odebrecht e OAS”, disse a delegada.
De acordo com as cláusulas do edital de licitação, só as duas empresas tinham alguns requisitos. Como uma exigência de experiência na demolição, que acabou sendo um serviço terceirizado. “Então, não havia motivo para que essas exigências fossem colocadas no edital”, diz a delegada. Alem do direcionamento da licitação, a polícia estima que houve superfaturamento de R$ 450 milhões, em valores corrigidos.