A Polícia Federal concedeu coletiva de imprensa nesta quarta-feira (24) sobre as prisões de hackers que teriam invadido celulares de autoridades. Na chamada Operação Spoofing, os policiais prenderam quatro pessoas que estariam envolvidas nos crimes. As prisões temporárias feitas nesta terça (23), têm prazo de cinco dias.
Foram presos: Gustavo Henrique Elias Santos, DJ que e já havia sido preso por receptação e falsificação de documentos; Suelen Priscila de Oliveira, que é mulher de Gustavo e não tinha passagem pela polícia; Walter Delgatti Neto, conhecido como Vermelho, que já havia sido preso por falsidade ideológica e por tráfico de drogas; e Danilo Cristiano Marques, que já foi condenado por roubo.
Dentre as autoridades que tiveram seus aparelhos invadidos, conforme a PF, estão o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, o desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, Abel Gomes, além de um juiz do Rio de Janeiro e de dois delegados da Polícia Federal em São Paulo.
Sérgio Moro elogiou a operação em seu perfil do Twitter:
Parabenizo a Polícia Federal pela investigação do grupo de hackers, assim como o MPF e a Justiça Federal. Pessoas com antecedentes criminais, envolvidas em várias espécies de crimes. Elas, a fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime.
— Sergio Moro (@SF_Moro) July 24, 2019
O celular de um dos presos ainda possuía uma conta no Telegram com o nome do ministro da Economia, Paulo Guedes. O material ainda será periciado para confirmar se Guedes também será considerado uma das vítimas. Segundo a Polícia Federal, é possível que, ao todo, aproximadamente mil autoridades tenham sido afetadas.
A Operação
O nome da operação, Spoofing, quer dizer falsificação e é um termo bastante utilizado pelo ramo da tecnologia, para se referir a um ataque em que se engana uma pessoa, passando-se por uma fonte confiável.
Conforme a PF, as invasões tinham a mesma técnica: os indivíduos acessavam o código enviado pelo Telegram ao celular dos alvos e o utilizavam abrir o aplicativo em um computador. As investigações acessaram as finanças dos suspeitos e no caso de dois deles, Gustavo e Suelen, foram encontradas movimentações consideradas suspeitas. Com renda mensal entre dois e três mil reais, eles transacionaram entre de 203 a 424 mil reais, entre os meses de março e junho.
Defesa
Segundo o advogado do casal Gustavo e Suellen, Ariovaldo Moreira, Gustavo disse ter visto as mensagens inteceptadas no celular de Walter. Já as defesas de Walter e de Danilo, ainda não se manifestaram.
Histórico
O site Intercept Brasil tem divulgado diversas mensagens, desde 9 de junho, atribuídas ao ex-juiz Sergio Moro e a procuradores do Ministério Público Federal (MPF), da força-tarefa da Lava jato, que, conforme o site, provariam colaborações do magistrado com uma das partes.
Jornalista do Intercept, Glenn Greenwald pontuou em seu Twitter, 12 questões que, para ele, provam a autenticidade das mensagens divulgadas pelo site:
1/ Sergio Moro – sendo Sergio Moro – está tentando cinicamente explorar essas prisões para lançar dúvidas sobre a autenticidade do material jornalístico. Mas a evidência que refuta sua tática é muito grande para que isso funcione para qualquer pessoa. Vamos revisá-la:
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) July 24, 2019