Armando Burd Oportunidade perdida

A quatro dias da eleição presidencial, fica nítida a frustração. Campanha é o momento para discutir o aperfeiçoamento dos serviços públicos prestados à população. Os candidatos preferiram fazer brilhatura no exercício constante do autoelogio.

Poderiam tratar da revisão de prioridades, processos e estruturas. Não quiseram.

Deixaram de lado os prejuízos causados com milhares de obras públicas inacabadas em todo o país, que se tornaram ruínas.

Ignoram o principal

Os candidatos também fugiram do enfrentamento de um tema vital: a concentração de recursos na União. Pelo visto, querem manter o poder de dispor do dinheiro que faz o passeio de municípios e estados ao Ministério da Fazenda. Uma vez abastecido o cofre, a distribuição ocorre em conta-gotas. A isso se chama manutenção do poder imperial.

Estamos esperando

Quando algum dos candidatos falará sobre a destinação da receita? A previsão do orçamento para o próximo ano é de 3 trilhões e 260 bilhões de reais.

Até agora, nada

Como descascar o abacaxi?

Entre os candidatos ao governo do Estado não é diferente. Silenciam sobre o déficit de 7 bilhões e 400 milhões de reais no orçamento.

Distância prejudicial

Um dos exemplos de que a centralização em Brasília é incapaz de atender às demandas em pontos extremos do país é o descaso com a autoestrada Porto Alegre-Osório. Os tecnocratas, confortavelmente sentados em gabinetes da capital federal, esqueceram de providenciar a tempo a renovação do contrato que estava por vencer. Descaso e incompetência que transformaram uma das melhoras rodovias do país num festival de buracos, pondo em risco a vida de usuários.

Efeito danoso

Só os candidatos ainda não viram que centralização de quase tudo na Ilha da Fantasia só provoca trapalhadas e desperdícios.

Ameaçam e voltam atrás

Alguns empresários da categoria peso pesado anunciam que deixarão o país em caso de vitória do PT na eleição presidencial. Repetem o que foi dito por capitães da indústria em 2002. Bastou Lula vencer e se entenderam logo.

Entra tarde

Só ontem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso manifestou publicamente apoio a Geraldo Alckmin, assinando manifesto.

Observações: 1ª) a posição do ex-governador de São Paulo nas pesquisas estaria melhor se FHC participasse de alguns roteiros pelo país; 2ª) Fernando Henrique, no começo do ano, preferia João Dória. Hoje, não há dúvida de que o desempenho do ex-prefeito teria mais êxito.

Boa ideia

A Câmara analisa proposta do deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB da Paraíba, que obriga os veículos alugados por órgãos públicos a afixarem adesivo, indicando o nome da empresa locadora e o valor do contrato de locação.

Só será aprovado se houver pressão da opinião pública. Se entrar em vigência, deverá diminuir o festival da gastança.

De pai para filha

Bicheiros do Rio de Janeiro não dormem e abrem bolsa de apostas: levará o bolão quem acertar o número de votos de Daniele Cunha, filha do ex-deputado federal Eduardo Cunha, que concorrerá à Câmara. Os palpites oscilam entre 110 e 120 mil votos.

Há 68 anos

A 3 de outubro de 1950, Getúlio Vargas (PTB) voltou à Presidência da República, obtendo 48,7 por cento dos votos. Em segundo lugar ficou Eduardo Gomes (UDN) com 29,6 por cento. Em terceiro, Cristiano Machado (PSD) ficou com 21,4 por cento.

Reprise

Com a sucessão de fatos inéditos, a frase usada em outras campanhas eleitorais volta a ser citada com mais ênfase: quem não estiver confuso anda mal informado.

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