A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a nova variante Mu do coronavírus, que acaba de classificar como “preocupante”, é altamente prevalente na Colômbia – país onde foi identificada pela primeira vez no mês de janeiro – e no Equador, onde representa 39% e 13% dos casos, respectivamente. A cepa já tinha sido identificada no Brasil pelo Instituto Adolfo Lutz durante a Copa América.
No entanto, o sequenciamento dessa variante a nível internacional indica que, ao contrário do que ocorre nos dois países, a prevalência global de Mu foi reduzida e representa agora menos de 0,1% dos casos.
A variante Mu, detectada em 39 países, passou a ser considerada “de interesse” pela OMS, o que significa que será monitorada para detectar mutações que possam modificar a forma de transmissão, torná-la mais virulenta ou reduzir a eficácia das vacinas atualmente usadas para prevenir a covid-19.
O monitoramento da evolução do SARS-CoV-2 é feito em tempo real por pesquisadores de diversas instituições em todo o mundo. Uma das principais fontes de informações sobre o vírus é o portal GISAID, que fornece acesso aberto a dados genômicos do coronavírus e do vírus influenza, causador da gripe comum.
Apenas no caso de apresentar tais alterações, os cientistas avaliarão se é considerada uma “variante da preocupação”, das quais existem atualmente quatro: alfa, beta, gama e delta. Esta última é a mais preocupante devido à sua capacidade de rápida propagação e de causar doenças mais graves.
Com relação a Mu, a OMS indica em seu último relatório epidemiológico que registrou “alguns relatos esporádicos de casos e alguns grandes surtos em países da América do Sul e Europa”.
Resistência
A cepa Mu conta com uma série de mutações que sugerem uma potencial maior resistência às vacinas. No entanto, a OMS ressalta que ainda são necessários estudos complementares para confirmar esse indicativo.
De acordo com os dados preliminares avaliados, as vacinas disponíveis contra a covid-19 teriam uma eficácia reduzida de forma semelhante ao que tem sido observado pelas análises feitas com a variante beta, identificada pela primeira vez na África do Sul.
“A variante Mu tem uma constelação de mutações que indicam propriedades potenciais de escape imunológico. Dados preliminares apresentados ao Grupo de Trabalho de Evolução do Vírus mostram uma redução na capacidade de neutralização de soros de convalescentes e de vacinados semelhante à observada para a variante beta, mas isso precisa ser confirmado por estudos adicionais”, diz o relatório da OMS.