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Organização Mundial da Saúde recomenda o uso de remédio injetável contra o vírus da aids

Boletim epidemiológico foi divulgado na véspera do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro. (Foto: Reprodução)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a recomendar um novo remédio para evitar a infecção pelo vírus HIV: o cabotegravir, um medicamento injetável de ação prolongada.

Segundo a entidade, o cabotegravir se mostrou “altamente efetivo” em reduzir o risco de infecção pelo vírus. O remédio, entretanto, ainda não está à venda e só é usado em estudos.

“O cabotegravir de ação prolongada é uma ferramenta segura e altamente eficaz de prevenção do HIV, mas ainda não está disponível fora dos ambientes de estudo”, disse Meg Doherty, diretora dos Programas Globais de HIV, Hepatite e Infecções Sexualmente Transmissíveis da OMS.

“Esperamos que essas novas diretrizes ajudem a acelerar os esforços dos países para começar a planejar e entregar o CAB-LA [cabotegravir] juntamente com outras opções de prevenção do HIV, incluindo a PrEP oral e o anel vaginal dapivirina”, completou.

Em fevereiro, a Fiocruz e a Unitaid, uma agência global de saúde ligada à OMS, anunciaram um estudo de implantação do remédio no Brasil, para avaliar a viabilidade de implementação no SUS.

Hoje, a prevenção da infecção pelo HIV no Brasil é feita com uma combinação de dois remédios (tenofovir/entricitabina, conhecida como Truvada), disponibilizados gratuitamente pelo SUS.

Diferenças

As diferenças entre o cabotegravir e os medicamentos existentes hoje são, basicamente, duas: o novo remédio é injetável e de ação prolongada.

As duas primeiras doses são aplicadas com 4 semanas de intervalo, seguidas de uma injeção a cada 8 semanas.

Os medicamentos usados hoje para prevenir o HIV, em terapias conhecidas como profilaxia de pré-exposição (PrEP), são de uso oral e precisam ser tomados todos os dias para ter efeito.

O objetivo da PrEP é preparar o corpo para enfrentar um possível contato com o vírus HIV – como uma relação sexual em que há risco de contato com o vírus, por exemplo.

Segundo a OMS, o cabotegravir mostrou-se “seguro e altamente eficaz” em dois ensaios clínicos com mulheres, homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans que fazem sexo com homens. Os estudos foram feitos, inclusive, no Brasil – em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Juntos, os estudos constataram que o uso do cabotegravir resultou em uma redução relativa de 79% no risco de contrair HIV em comparação com a PrEP oral – em que “a adesão à medicação oral diária era, muitas vezes, um desafio”, apontou a OMS.

Em abril, o cabotegravir foi adicionado à lista de Manifestações de Interesse da OMS para avaliação de pré-qualificação; a organização está trabalhando com países na aprovação regulatória.

Momento crítico

As novas orientações da OMS foram anunciadas em um momento crítico, pois os esforços de prevenção do HIV vêm parando de progredir mundialmente. Em 2021, houve 1,5 milhão de novas infecções pelo vírus – mesmo número de 2020 – , com 4 mil novos casos por dia.

Ao todo, 650 mil pessoas morreram no ano passado por complicações da Aids – síndrome de imunodeficiência que ocorre quando o vírus HIV não é tratado.

Populações-chave – como trabalhadores do sexo, homens que fazem sexo com homens, pessoas que usam drogas injetáveis, pessoas em prisões e pessoas trans – e seus parceiros sexuais são responsáveis por 70% das infecções por HIV em todo o mundo, segundo a OMS.

 

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