Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de março de 2018
A inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,32%, o resultado mais baixo para o mês em quase duas décadas, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A taxa acumulada em 12 meses voltou a arrefecer, alcançando 2,84%, menor resultado para o mês e ainda mais baixo que o piso de 3% da meta de inflação perseguida pelo Banco Central.
Diante dos dados da inflação de fevereiro, economistas se apressaram em reduzir as previsões para o IPCA deste ano. O BBM reviu sua projeção de 3,6% para 3,5% para a inflação fechada de 2018. O Departamento Econômico do Bradesco cortou sua estimativa de 3,9% para 3,5%, enquanto o banco UBS Brasil reduziu de 3,7% para 3,6%.
A confirmação do cenário inflacionário benigno fortaleceu a expectativa de economistas por mais um corte na taxa básica de juros na reunião deste mês do Comitê de Política Monetária e ampliou a percepção de que o ciclo de redução pode ser estendido.
O analista Tiago Souza, coordenador de pesquisa do Banco BBM, acredita ser “bem provável” um corte de 0,25 ponto porcentual na Selic este mês, para 6,5% ao ano. “Acredito que já está dado”, disse ele, acrescentando que o Banco Central pode deixar ainda a porta aberta para um eventual novo recuo na taxa básica de juros na reunião de maio.
Na avaliação de Fernando Gonçalves, gerente na Coordenação de Índices de Preços do IBGE, as taxas de inflação em patamares baixos ainda refletem as quedas nos preços dos alimentos.
Em fevereiro, os gastos com alimentação e bebidas recuaram 0,33%, ajudando a conter a inflação em 0,08 ponto porcentual.
As famílias pagaram menos pelas carnes, frutas, alho, cenoura, batata-inglesa, açúcar e tomate, entre outros itens importantes da cesta básica. Nos 12 meses encerrados em fevereiro, os alimentos consumidos em casa acumularam uma queda de preços de 3,81%.
De acordo com Gonçalves, o efeito da demanda sobre a inflação é mais espalhado e difícil de medir, mas ele avalia que os componentes essenciais para a recuperação da demanda das famílias ainda estão no início. “O índice de desemprego ainda está alto, mesmo com as pessoas começando a se recolocar no mercado via informalidade.
A renda está começando a se recompor, mas ainda é tímida a recuperação. O que fica mais evidente de perceber é o efeito da deflação de alimentos durante vários meses ao longo de 2017″, avaliou o gerente do IBGE.
A inflação de serviços, que apresenta influência da demanda, acelerou de 0,16% em janeiro para 0,74% em fevereiro, pressionada pelos reajustes nas mensalidades escolares realizados no início do ano letivo. Apesar do avanço, a taxa acumulada pela inflação de serviços em 12 meses desceu para 4,20%, o patamar mais baixo da série histórica iniciada em dezembro de 2012.
Segundo o IBGE, em época de dinheiro curto, a população deixa de consumir serviços supérfluos para investir nas prioridades. Mesmo os reajustes das mensalidades escolares subiram menos este ano. A alta de 3,89% nas despesas das famílias com Educação em fevereiro foi a menos acentuada para o mês em uma década.