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Por Redação O Sul | 10 de novembro de 2016
Alvos da 36ª fase da Lava-Jato, deflagrada nesta quinta-feira (10), lavaram dinheiro para dezenas de empreiteiras investigadas na operação, segundo o MPF (Ministério Público Federal). Entre elas, estão a Mendes Júnior, UTC e Odebrecht. Um dos responsáveis pelas operações financeiras seria o advogado Rodrigo Tacla Duran, que trabalhou por dois anos no setor de propinas da Odebrecht e operou pelo menos 12 contas no exterior, diz o MPF.
“Esses operadores fizeram do crime uma profissão. E uma profissão muito lucrativa”, afirmou o procurador Roberson Henrique Pozzobon, em entrevista em Curitiba. Segundo ele, havia praticamente uma “confraria criminosa” de operadores trabalhando para diversas empreiteiras.
Há um mandado de prisão preventiva aberto contra Duran, que está no exterior desde abril. Ele tem cidadania espanhola, e seu nome foi incluído na lista da Interpol em setembro. Outro alvo da operação é o empresário e lobista Adir Assad, que já está preso na carceragem da PF, em Curitiba. Ele “agia em sintonia” com Duran para cometer os crimes, segundo as investigações.
A dupla é suspeita de lavar R$ 56 milhões para a UTC e R$ 25 milhões para a Mendes Júnior. Os valores lavados para a Odebrecht ainda não foram confirmados, porque envolveram instituições bancárias no exterior. A obtenção de documentos referentes a elas depende de acordos de colaboração, informou Pozzobon. O procurador Júlio Motta Noronha afirmou que a operação apura pagamentos feitos, principalmente, entre 2011 e 2013, mas se estende a outros períodos.
A 36ª fase da Operação Lava-Jato cumpriu 18 mandados judiciais, sendo 16 de busca e apreensão e dois de prisão preventiva, em cidades do Paraná, São Paulo e Ceará. A ação foi batizada de Dragão, em referência aos registros na contabilidade de um dos investigados. Ele chamava de “operação dragão” os negócios fechados com parte do grupo criminoso para disponibilizar recursos ilegais no Brasil a partir de pagamentos realizados no exterior, segundo a Polícia Federal.
Lobista investigado
Na prática, com o novo mandado de prisão preventiva, Adir Assad terá mais dificuldades para ficar em liberdade. Como há outras novas acusações sobre ele, é menor a chance de a Justiça lhe conceder um habeas corpus, por exemplo.
Assad foi condenado na Lava-Jato a 9 anos e 10 meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ele foi preso pela primeira vez na operação em março de 2015, na 10ª fase. No entanto, em dezembro do ano passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu prisão domiciliar a ele. Posteriormente, no dia 19 de agosto deste ano, o juiz Sérgio Moro determinou que Assad voltasse à prisão.
Investigações
Segundo o MPF, as investigações apontaram diversas evidências de que os operadores usaram mecanismos sofisticados de lavagem de dinheiro, entre eles o uso de contas bancárias em nome de offshores no exterior, o uso empresas de fachada e a celebração de contratos falsos, sem nenhuma relação com a origem do dinheiro.
Rodrigo Tacla Duran foi responsável por lavar dezenas de milhões de reais por intermédio de pessoas jurídicas por ele controladas, ainda de acordo com os procuradores. (AG)