Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 26 de novembro de 2022
Ser um atleta profissional tem um alto impacto no corpo. Quem nunca viu um jogador de futebol se machucar durante uma partida? Basta lembrar o emblemático caso do Ronaldo e, mais recentemente, dos entorses de Neymar e Danilo durante a estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo. O risco, portanto, é inerente ao ofício.
“O esporte é extremamente benéfico para todo mundo. Mas o esporte competitivo de alto nível, não. Toda atividade esportiva de nível muito alto e competitivo demanda um treinamento excessivo, às vezes maior que a capacidade da pessoa, e provoca lesões”, diz o ortopedista Fabiano Nunes, da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
No futebol, especificamente, as mais comuns são lesões musculares, como distensões e contraturas. É o que acontece com aquele jogador que está correndo e de repente para e coloca a mão atrás da coxa. Segundo Nunes, em geral essas são lesões benignas, que não geram comprometimento futuro.
“As lesões musculares mais graves são as rupturas , que podem demandar tratamentos mais longos e possivelmente cirúrgicos”, explica o ortopedista.
A causa mais comum do problema é exercício em excesso, sem tempo para recuperação do músculo.
Em seguida, estão as torções de joelho e tornozelo – como de Neymar e Danilo – e tendinites.
“Lesões de menisco, ligamento cruzado anterior e os entorses de tornozelo são as mais comuns. O futebol é um exercício de alta intensidade com velocidade, explosão e mudança de direção. O movimento de rotação de joelho nessas condições, pode ocasionar a lesão. No tornozelo, o mais comum é a irregularidade do piso e traumas”, diz Eduardo Costa Rauen, médico do esporte e nutrólogo.
Segundo o educador físico Gustavo Cardozo, diretor técnico-científico do Centro de Medicina do Exercício DECORDIS (Brasil), a ruptura do tendão de Aquiles também está se tornando mais comum entre jogadores de futebol.
Já as concussões ou choques na cabeça, embora mais raras, são consideradas as mais graves. Tanto que um novo protocolo da FIFA determina que a substituição de jogadores com suspeita de concussão não conta para o limite de cinco trocas. O goleiro Alireza Beiranvand, do Irã, se tornou o primeiro jogador da história das Copas do Mundo a ser substituído por esse motivo após se chocar com seu companheiro de seleção.
“Esse cuidado é necessário porque as consequências de um choque de cabeça podem ser severas. Pode haver desde um acidente vascular cerebral (AVC) em campo até danos de longo prazo, como demência precoce e Parkinson”, explica Cardozo.
Apesar da gravidade, essa preocupação com os choques de cabeça é recente. Antigamente era normal o jogador voltar a campo mesmo após ter passado um tempo desmaiado.
“Hoje em dia se dá muito valor a isso porque são lesões que podem gerar problemas no futuro. Mesmo que esteja bem, ele precisa sair do jogo após uma concussão para ter a recuperação adequada”, diz Nunes.
Graças ao avanço da medicina, é difícil um jogador se aposentar precocemente devido a uma única lesão. Em geral, isso acontece após inúmeros problemas ou então, devido à necessidade de alta performance exigida para atletas de alto rendimento, que fica difícil de alcançar com o passar dos anos.
Mesmo assim, um jogador machucado pode ficar de dias a meses em jogar, a depender da lesão. Por isso, há um esforço cada vez maior dos clubes em prevenir esse tipo de acontecimento. Isso ocorre por meio de uma boa preparação pré-jogo, o que inclui, além do preparo muscular e da identificação de atletas que podem estar mais suscetíveis a lesões, uma boa dieta e sono adequado.