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Mundo Os Estados Unidos começaram a operar uma nova bomba que aumenta o risco de ataque nuclear

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Míssil Trident é lançado, desarmado, em exercício com submarino da classe do USS Tennessee. (Foto: Marinha dos EUA/Divulgação)

Os Estados Unidos começaram a operar um novo tipo de arma nuclear, com potência destrutiva reduzida. Isso leva ao temor de que o país possa vir a utilizar a bomba em um combate real, e não apenas como meio de dissuadir adversários.

A revelação foi feita pelo blog da FAS (Federação dos Cientistas Americanos, na sigla inglesa), um prestigioso grupo de estudos sobre proliferação nuclear, na quarta-feira (29). O Pentágono não fez comentários.

Segundo o órgão, a Marinha equipou 1 de seus 14 submarinos lançadores de mísseis balísticos, o USS Tennesse, com a nova ogiva, a W76-2. O barco deixou sua base na Geórgia no fim do ano e está em patrulha no Atlântico Norte

A W76-2 foi criada a pedido do presidente Donald Trump, que em 2018 publicou a Revisão da Postura Nuclear americana. No texto, a arma era considerada necessária porque não haveria no arsenal uma bomba de baixa potência semelhante a artefatos do tipo da Rússia — que Moscou poderia ser tentada a usar sem temer resposta proporcional.

Os EUA na verdade já têm bombas de baixa potência, mas elas são lançadas de aviões ou usadas em lentos mísseis de cruzeiro, vulneráveis aos avançados sistemas de defesa antiaérea de Moscou.

A arma para modelos balísticos como o Trident, que pode furar o bloqueio, não existia.

A revisão também previa que os EUA poderiam dar respostas nucleares a “ataques estratégicos não nucleares significativos” contra si ou seus aliados, incluindo tacitamente aí operações cibernéticas.

O contexto é visto por analistas não como uma resposta a Moscou, ainda que na mesma época o presidente Vladimir Putin tenha lançado seu programa de armas estratégicas “invencíveis” — como mísseis hipersônicos.

Na realidade, Trump estaria se preparando para o uso em um conflito com um adversário do quilate do Irã ou da Coreia do Norte, amparado na previsão que a revisão faz para o uso da bomba, o tal ataque estratégico não nuclear.

Seja qual for a real intenção, a arma foi feita. A FAS estima que ela tem cinco kilotons, ou um terço da força da bomba de Hiroshima. Os mísseis Trident usados por submarinos americanos usualmente levam ogivas W76-1, de 90 kilotons, ou W88, de 455 kilotons.

Cada 1 dos 20 mísseis do Tennessee pode levar de uma a oito ogivas. Segundo a FAS, um ou dois deles foram equipados com a bomba de potência reduzida, da qual já foram feitas talvez 50 unidades desde fevereiro do ano passado.

Para a entidade, a circulação da arma aumenta significativamente o risco do uso da bomba. A lógica desde os ataques atômicos americanos ao Japão na Segunda Guerra Mundial é que a arma nuclear está lá para não ser usada.

Isso degenerou na chamada doutrina MAD (Destruição Mútua Assegurada, sigla que significa “louco” em inglês), quando EUA e União Soviética chegaram a ter 70 mil bombas em 1986 — hoje Rússia, Estado herdeiro do império comunista, e os americanos têm 92% das cerca de 14 mil armas no mundo.

O temor do emprego é óbvio: além dos danos significativos que a arma causa, ele poderia levar a uma escalada até o uso de ogivas com mais de 1 megaton (poder equivalente a 1 milhão de toneladas de TNT, ante a explosão igual a 5.000 toneladas da W76-2).

Aí, o risco existencial para a civilização está colocado e poderia ser zerado para meia-noite o Relógio do Juízo Final, invenção de outro grupo de especialistas americanos, do Boletim dos Cientista Atômicos.

Na semana passada, o relógio foi colocado a recordistas 100 segundos da meia-noite, ou o fim do mundo.

Na conta, o maior risco de guerra nuclear e a aceleração das mudanças climáticas — o Brasil foi criticado por suas medidas nesta área pela primeira vez.

No caso do conflito atômico, concorreram para piorar o cenário o acirramento das tensões com o Irã e o abandono, por parte dos EUA, de importante tratado de controle de armas com a Rússia.

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