A FDA (Food and Drug Administration), agência que regulamenta os medicamentos nos Estados Unidos, autorizou o uso limitado em caráter de emergência de dois medicamentos contra a malária, que o presidente Donald Trump elogiou em discursos, para tratar o coronavírus.
Em um comunicado publicado no domingo (29) à noite, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos cita doações recentes de remédios a um estoque nacional, incluindo a cloroquina e a hidroxicloroquina, ambas estudadas como potenciais tratamentos para a Covid-19.
O documento afirma que a FDA permitiu que “sejam distribuídos e prescritos pelos médicos para pacientes adolescentes e adultos hospitalizados com Covid-19, de maneira apropriada, quando um ensaio clínico não está disponível ou é viável”.
Trump disse na semana passada que os dois medicamentos poderiam ser um “presente de Deus”, mas os cientistas alertaram para os perigos de exagerar os tratamentos que não foram comprovados.
Vários cientistas, incluindo Anthony Fauci, o principal especialista de doenças infecciosas do país, pediram à população que tenha cautela até que os testes clínicos validem estudos mais minuciosos.
Dois organismos médicos dos Estados Unidos, os Institutos Nacionais de Saúde e a Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico Avançado, estão trabalhando em testes clínicos.
Algumas pessoas na comunidade científica temem que o respaldo de Trump aos medicamentos poderia criar uma escassez para os pacientes que necessitam de cloroquina e hidroxicloroquina para tratar o lúpus e a artrite reumatoide, doenças para as quais ambos estão aprovados.
Estados Unidos registram mais de 140 mil casos do novo coronavírus e mais de 2,4 mil mortes, segundo um balanço da Universidade Johns Hopkins.
Brasil
O Ministério da Saúde fez um alerta na sexta-feira (27), sobre o uso do medicamento cloroquina no combate ao novo coronavírus. O remédio sumiu de muitas farmácias desde que o presidente Jair Bolsonaro passou a divulgar informações de que o País estaria no caminho de encontrar uma medicação de combate ao vírus.
O secretário nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, disse que o uso da cloroquina pela população pode, na realidade, ter efeitos nocivos sobre a saúde. “A cloroquina é um medicamento indicado em condições específicas, mas ele tem contraindicações. Pode ser tóxico em médio e longo prazo”, afirmou à imprensa ontem.
“A cloroquina não é um medicamento para evitar a doença. Os estudos ainda estão sendo realizados. Estão seguindo um rito muito mais acelerado que o tradicional”, disse o secretário.
O Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em casos graves, com pacientes hospitalizados, infectados pelo novo coronavírus. O protocolo prevê cinco dias de uso, em complemento a outras medidas como auxílio para respirar e medicação contra febre e mal-estar.
O ministério, no entanto, alerta para o risco do uso desses medicamentos, que não devem ser administrados fora dos hospitais. Segundo a nota, dentre os efeitos colaterais, estão lesões na retina, prejudicando a visão, e distúrbios cardiovasculares. As informações são da agência de notícias AFP e do jornal O Estado de S.Paulo.