Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira que irão impôr tarifas de importação sobre alumínio e aço vindos de Canadá, México e da União Europeia, pondo fim a uma isenção de dois meses e abrindo caminho para eventual guerra comercial com alguns dos seus principais aliados.
O secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, disse a repórteres que uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e uma tarifa de 10% sobre as importações de alumínio da UE, do Canadá e do México entrarão em vigor à meia-noite (horário local).
O decreto de Donald Trump sobre as tarifas maiores também oficializa o acordo que havia sido firmado no começo de maio entre o país e o Brasil, a Argentina e a Austrália. Para estes países, foram criadas cotas de importação sem a tarifa adicional. O setor de alumínio brasileiro foi excluído do acordo pois preferir estar submetido a uma tarifa de 10% do que estar preso a cotas.
Usando o argumento da segurança nacional, os EUA anunciaram a imposição das tarifas no começo do ano mas deram a países aliados uma isenção até 1º de junho para que negociassem concessões aos americanos, como a redução das taxas sobre a importação de carros americanas à Europa. Mas o governo americano demonstrou impaciência com a falta de acordo e resolveu seguir em frente com as tarifas.
“Estamos ansiosos para continuar as negociações, tanto com o Canadá e o México, por um lado, e com a Comissão Europeia, por outro lado, porque há outras questões que também precisamos resolver”, disse.
Ross deu poucos detalhes sobre o que os países afetados poderiam fazer para que as tarifas sejam suspensas.
UE ameaça com retaliações
A UE afirmou que não fará concessões comerciais para ganhar uma isenção permanente e garantiu que responderá de maneira firme à imposição de tarifas pelos americanos. O bloco ameaçou se queixar à OMC (Organização Mundial do Comércio) e taxar US$ 3,3 bilhões em importações americanas a partir de 20 de junho. A comissária europeia para o Comércio, Cecilia Malmstrom, disse que os detalhes da decisão americana vão guiar a areação do bloco.
“Os EUA buscaram usar a ameaça de restrições comerciais como uma alavancagem para obter concessões da UE. Este não é o modo que fazemos negócios, e certamente não é o modo entre antigos parceiros, amigos e aliados”,disse a comissária. “Agora que temos clareza, a resposta da UE será proporcional e em acordo com as leis da OMC.”
O ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, se reuniu com Wilbur Ross em Paris nesta quinta-feira na tentativa de evitar a imposição de tarifas. Antes do anúncio da decisão dos americanos Le Maire disse que a UE não teria alternativa a não ser “entrar em uma guerra comercial” com os EUA se as taxas fossem aplicadas. O francês classificou as tarifas de “injustificadas e perigosas”.
Canadá: impostos sobre US$ 12,8 bi de produtos
Canadá e México também criticaram a postura do governo Trump de condicionar uma isenção definitiva a mudanças no acordo de livre comércio Nafta. O ministro da Economia mexicano, Ildefonso Guajardo, disse que avalia retaliar os americanos. E as medidas afetariam diversos tipos de itens, de aço plano a queijo.
Já o Canadá anunciou tarifas a US$ 12,8 bilhões de aço e outros produtos dos EUA, após a ministra das Relações Exteriores canadense, Chrystia Freeland, ter dito, mais cedo, que responderia “de maneira apropriada”. A nova taxa começa a valer no dia 1º de julho.
As Bolsas americanas caíram com a decisão do governo Trump, que tende a ter efeito negativo nos negócios. O índice Dow Jones caiu 0,71%, enquanto o S&P 500 recua 0,28%.