Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 24 de maio de 2018
O Departamento de Estado americano informou na noite de quarta-feira (23) que ordenou que dois diplomatas venezuelanos deixem os Estados Unidos dentro das próximas horas em resposta à decisão da Venezuela de expulsar dois enviados americanos. Os diplomatas venezuelanos são o encarregado de negócios da embaixada da Venezuela em Washington e o vice-cônsul-geral do consulado venezuelano em Houston, informou o Departamento de Estado dos EUA em comunicado.
“Esta ação é de reciprocidade à decisão do regime de (Nicolás) Maduro de declarar o encarregado de Negócios, Todd Robinson, e o subchefe de Missão da Embaixada dos Estados Unidos em Caracas, Brian Naranjo, como personae non gratae”, assinala um comunicado da porta-voz do departamento de Estado Heather Nauert.
Maduro disse agir em resposta às novas sanções a Caracas impostas por Donald Trump na segunda-feira, que buscam restringir o financiamento do país petroleiro, em meio a uma de suas piores crises econômicas. Na quarta-feira, o governo de Donald Trump foi notificado oficialmente das expulsões de Robinson e Naranjo, anunciada na véspera por Maduro em mensagem à Nação. O presidente venezuelano, reeleito no domingo até 2025 em eleições boicotadas pela oposição e questionadas por vários países, ordenou a saída do país “em 48 horas” de Robinson e Naranjo acusando-os de “conspiração”.
“Nossos funcionários da Embaixada (em Caracas) realizaram seus deveres oficiais de maneira responsável e consistente com a prática diplomática. Rejeitamos qualquer sugestão do contrário”, declarou Nauert na quarta.
Estados Unidos e Venezuela mantiveram uma relação com altos e baixos durante o mandato de Hugo Chávez (1999-2013), mentor de Maduro, mas os laços ficaram mais tensos com a chegada de Trump ao poder, em janeiro de 2017.
Expulsão
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que iria expulsar o principal diplomata dos Estados Unidos em Caracas, Todd Robinson, por supostamente conspirar contra seu governo. Ele fez a declaração durante seu discurso oficial após a reeleição definida nas eleições presidenciais de domingo (20). Maduro também ordenou a expulsão do chefe da seção política, Brian Naranjo, número dois da embaixada e a quem identificou como o representante em Caracas da CIA (Agência Central de Inteligência).
O anúncio do líder venezuelano vem em um contexto de tensões com os Estados Unidos, após o presidente americano, Donald Trump, afirmar que seu país não reconheceria o resultado do pleito por considerar que a votação não seria democrática. Na segunda-feira, Trump também anunciou que limitaria a venda de títulos e ativos da Venezuela nos Estados Unidos em retaliação ao governo de Maduro.
Washington e Caracas mantêm relações difíceis desde o governo de Barack Obama, fato refletido no comando de suas representações diplomáticas. Desde 2010, quando Patrick Dudd deixou Caracas, a embaixada americana na Venezuela tem sido chefiada por encarregados de negócios. Tratam-se de diplomatas em posição mais baixa na hierarquia, mas incumbidos de conduzir os trabalhos enquanto não é designado um novo embaixador.
Obama ainda tentou enviar o embaixador Leon L. Palmer a Caracas, em 2010. Mas o governo de Hugo Chávez, que já havia concordado com sua nomeação, voltou atrás. Dois diplomatas se sucederam como encarregados de negócios até a chegada, em dezembro passado, do colega Robinson, agora “convidado” a deixar o pais por Maduro.
Sem oposição para disputar as eleições presidenciais, Maduro foi reeleito com 67,7% dos votos, em meio a denúncias de fraude e alta abstenção. Os líderes contrários ao regime atual decidiram boicotar o pleito e não se apresentar como candidatos, convocando a população a não participar da votação. Pela falta de representatividade democrática, treze países afirmaram que não reconhecem o resultado das eleições venezuelanas, incluindo o Brasil e outros vizinhos latino-americanos. Rússia, a China, a Bolívia e o Irã manifestaram apoio a Maduro e pediram respeito à vitória do líder venezuelano por parte dos demais países.