Sábado, 18 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de maio de 2023
Palácio do Itamaraty será sede do encontro
Foto: Divulgação/GovBROs governantes da América do Sul se reunirão nesta terça-feira (30) em Brasília, com exceção da peruana Dina Boluarte, que assumiu o poder no país andino em dezembro de 2022, em meio a uma crise institucional.
O encontro, como o governo de Luiz Inácio Lula da Silva apresenta, será uma espécie de “retiro” para reativar a integração de uma região com divergências ideológicas e crises internas.
Os outros dez líderes do continente foram confirmados e já começaram a chegar em Brasília para a primeira reunião regional de alto nível em quase uma década. Participam do encontro Alberto Fernández (Argentina), Luís Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Guillermo Lasso (Equador), Irfaan Ali (Guiana), Mário Abdo Benítez (Paraguai), Chan Santokhi (Suriname), Luís Lacalle Pou (Uruguai) e Nicolás Maduro (Venezuela).
O evento será realizado em duas sessões (primeiro com pronunciamentos individuais e depois para debate informal), seguidas de um jantar no Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente brasileiro.
Todas as discussões serão a portas fechadas e uma declaração final com uma posição comum ainda não está garantida. Sem agenda pré-estabelecida e com formato reduzido (estarão na sala apenas os presidentes, seus chanceleres e alguns assessores), a ideia da “retiro” proposta por Lula é que os países possam discutir problemas comuns.
Conforme a secretária brasileira para América Latina e Caribe, Gisela Maria Figuereido, o encontro terá três objetivos. Os dois primeiros são “retomar o diálogo” para buscar uma “visão comum” e acertar uma agenda de cooperação em temas como saúde, infraestrutura, energia, meio ambiente e combate ao crime organizado.
O terceiro objetivo é encontrar um caminho para um novo mecanismo de integração sul-americana. Um encontro entre os líderes sul-americanos não ocorria desde 2014 em Quito, no Equador, durante a cúpula da Unasul, instância criada seis anos antes por Lula (2003-2010) e pelo venezuelano Hugo Chávez durante a primeira onda de governos de esquerda.
Atualmente apenas sete dos doze membros da Unasul continuam na organização (Bolívia, Guiana, Suriname, Venezuela e Peru – que nunca saíram dela – além de Brasil e Argentina, que retornaram este ano).
Maduro no Brasil
Lula recebeu, na manhã desta segunda-feira o seu colega da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto. O venezuelano subiu a rampa da sede do Poder Executivo ao lado da sua esposa, Cilia Flores. O casal foi recepcionado pelo petista e pela primeira-dama, Janja da Silva. Essa é a primeira vez que Maduro visita o Brasil desde julho de 2015. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não reconhecia o venezuelano como chefe de Estado.
O presidente Lula criticou o “preconceito contra a Venezuela” e classificou a visita de Nicolás Maduro ao Brasil como um “momento histórico”.
“Depois de oito anos, o presidente Maduro volta a visitar o Brasil, e nós recuperamos o direito de fazer política e relações internacionais com a seriedade que sempre fizemos, sobretudo com os países que fazem fronteira com o Brasil”, ressaltou Lula
O presidente declarou ter brigado com companheiros europeus que se recusavam a reconhecer Maduro como presidente da Venezuela.
“O preconceito contra a Venezuela é muito grande. Durante a campanha [presidencial], havia discursos e mais discursos em que os adversários diziam: ‘Se o Lula ganhar as eleições, o Brasil vai virar uma Venezuela’. Quando, na verdade, o único sonho nosso era ser o Brasil mesmo”, afirmou Lula ao lado do líder venezuelano.