Quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Por Gil Kurtz | 12 de fevereiro de 2025
Nos últimos meses temos assistido um festival de erros de comunicação em todos os níveis.
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência BrasilEsta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
No mês passado escrevi sobre os erros primários cometidos por marcas mundiais top, Apple e Mattel, em suas ações de marketing em 2024 que viraram cases do “não fazer”. Agora é a vez de aprendermos lendo o capítulo governantes.
Nos últimos meses temos assistido um festival de erros de comunicação em todos os níveis (federal, estadual e municipal). Vou citar três, respeitando a hierarquia: Pix, doações nas enchentes e liberdade de expressão.
Não é necessário detalhar, pois, foram devidamente detalhados pelas diferentes plataformas de comunicação. Sublinho, no caso dos gestores públicos parece que eles e seus profissionais da comunicação professam uma licença poética: quem fala com o coração não merece censura. Ou faltaram algumas aulas básicas de gestão de imagem que pode ser resumida em três conceitos: estratégia, operação e reputação.
Nos casos acima referidos fica claro a ausência de práticas voltadas para cuidados com o conceito de valor da reputação, parâmetros de mensuração e atitudes de mapeamento dos riscos possíveis e ações preventivas para que eles não se materializem.
Mas, o inacreditável é ver que não bastasse terem ignorado esses fundamentos alguns acabaram repetindo. É o caso do recente conflito entre os professores e o governo estadual.
Refiro-me a ação judicial, já encerrada, do sindicato da categoria solicitando a suspensão da volta as aulas no último dia 10. Nesse episódio o que analiso não é a reivindicação da entidade representativa, mas, sim, a inacreditável justificativa da secretaria de educação quando foi questionada, em entrevista ao vivo em uma rádio, que o sindicato havia enviado para sua pasta uma solicitação protocolar para que a mesma considera-se a reivindicação é que ofício não foi respondido.
A secretaria disse com todas as letras que “não havia lido” por alguns motivos. Entre eles que estava em viagem. Pergunto como um gestor de uma pasta estratégica com um histórico de conflitos e crises com essa categoria não possui condutas de atenção redobradas para exercer um dos mantras da gestão de conflitos e crises: ser agente do processo e não paciente.
No universo da gestão pública, a imagem de um governo tornou-se extremamente dinâmica. Qualquer falha ou deslize é potencializado pelo mundo online, impactando diretamente a credibilidade e a confiança da população. Por isso, a gestão da imagem institucional exige um cuidado constante, uma atenção diária e estratégica.
Manter uma reputação sólida não é apenas um desafio, mas uma necessidade, pois a posição de liderança não é um lugar onde se acomoda — é um espaço que exige trabalho contínuo, transparência e compromisso com a sociedade. Seja no nível federal, estadual ou municipal, a construção e preservação da imagem governamental são fundamentais para garantir legitimidade e governabilidade.
Diversos líderes globais demonstram um cuidado meticuloso com sua imagem pública, reconhecendo a importância da percepção popular para a eficácia de suas administrações. Eles utilizam estratégias de comunicação, presença nas redes sociais e aparições públicas cuidadosamente planejadas para transmitir mensagens específicas e manter uma conexão positiva com o público.
Um exemplo é Angela Merkel, ex-chanceler da Alemanha, que ficou conhecida por sua abordagem cuidadosa e estratégica na gestão de sua imagem pública. Merkel mantinha uma postura reservada e profissional, evitando tensionamentos e focando em transmitir uma imagem de estabilidade e competência.
Como estamos no verão, quem sabe alguns governantes públicos aproveitam e fazem um curso de férias com a Angela. Fica a dica.
(Gil Kurtz é publicitário, especialista em gestão de imagem e vice-presidente do Fórum Latino-americano de Defesa do Consumidor)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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