Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Dennis Munhoz | 15 de fevereiro de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
No último domingo (11), ocorreu a edição de número 58 do Super Bowl (nome dado à final do campeonato de futebol americano), na qual o Kansas City Chiefs sagrou-se campeão pela segunda vez consecutiva, embora o San Francisco 49ers tenha sido superior em boa parte da partida, perdendo apenas no último lance da prorrogação.
O jogo, claro, é a parte mais importante, mas o “todo” do evento é algo impressionante. O mais esperado é o famoso espetáculo do intervalo, sempre liderado por artistas famosos em shows suportados por uma incrível estrutura montada e desmontada com extrema agilidade. Toda a transformação de um simples campo de futebol em palcos com iluminação e acústica perfeitas ocorre em questão de minutos. E, logo após a apresentação, o jogo segue no mesmo local e sem qualquer dano ao piso ou à sinalização oficial da NFL (National Football League), que é a liga esportiva profissional de futebol americano.
Os preços dos ingressos e camarotes são impressionantes. Quem deixou para a última hora e resolveu ir à Las Vegas para assistir ao espetáculo, precisou desembolsar 50 mil reais, aproximadamente 10 mil dólares, para conseguir um assento bem distante do palco, daquele que você precisa de binóculos para assistir. Já um camarote para 19 pessoas custou a bagatela de 1,5 milhão de dólares, quase 400 mil reais por pessoa.
Segundo a renomada revista Forbes, os 32 times que disputam o campeonato, encarados como franquias, valem cerca de US$ 143 bilhões (aproximadamente 700 bilhões de reais). Todos são empresas, com acionistas e presidentes. O mais valioso é o Dallas Cowboys, avaliado em US$ 8 bilhões, quase 40 bilhões de reais.
Sempre é bom lembrar que estamos falando da maior economia do mundo, praticamente dez vezes maior do que a brasileira, mas, mesmo assim, os números assustam. Se compararmos, o Flamengo é avaliado em 167 milhões de dólares (850 milhões de reais) e sequer apareceria no ranking norte-americano. O time menos valioso da NFL é o Cincinnati Bengals que vale US$ 3 bilhões, aproximadamente 18 vezes o valor de mercado do Flamengo. Os 30 times de futebol mais valiosos do mundo, incluindo Barcelona e Real Madrid, somam US$ 64,2 bilhões, o que equivale a menos da metade do valor dos times da NFL.
E os salários dos jogadores? A discrepância também é enorme. Na temporada passada, os dez jogadores mais bem pagos da NFL receberam, somados, o valor bruto de US$ 508 milhões por ano (cerca de R$ 2,5 bilhões). Já os dez jogadores de futebol do Brasil mais bem pagos ganharam praticamente 10% deste valor. O mais bem pago da NFL é Lamar Jackson, do Baltimore Ravens, com salário de US$ 81,5 milhões por ano (R$ 34 milhões mensais, isto é, mais de um milhão por dia).
Outra característica nos Estados Unidos é a de os contratos tem duração de quatro ou cinco anos. O principal jogador do Kansas City Chiefs, Patrick Mahomes, campeão das últimas duas temporadas, recebe US$ 60,5 milhões anuais, mais de R$ 25 milhões mensais, sem contar as verbas publicitárias. Estes dados são baseados em contratos assinados até setembro de 2023.
Os treinadores recebem bem menos, se comparado com os salários dos principais jogadores. O mais bem pago é Bill Belichick, do New England Patriots, com cerca de R$ 10 milhões por mês. No Brasil, o maior salário é o de Abel Ferreira, do Palmeiras, R$ 3 milhões mensais.
E de onde vem tanto dinheiro? A renda das bilheterias, venda de produtos licenciados e a comercialização dos direitos de televisionamento e transmissões pelas plataformas de streaming garantem a cifra de 10 bilhões de dólares por temporada para a NFL.
Como as TVs e plataformas conseguem pagar tanto? Um comercial de 30 segundos no intervalo do Super Bowl chega a valer sete milhões de dólares. Isto mesmo, 35 milhões de reais por apenas 30 segundos. E isso que os times não têm patrocinadores estampados nas camisetas para não prejudicar as negociações da Liga e dos detentores dos direitos de transmissão. Tudo é muito bem planejado e executado, os times são lucrativos, com os presidentes respondendo aos seus acionistas.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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