Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Carlos Roberto Schwartsmann | 29 de abril de 2021
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Sem dúvida a profissão de médico é a mais afetiva e humanista da sociedade! Já foi mais reconhecida e até considerada divina!
Apesar da crescente desvalorização social e financeira, a vaga da medicina ainda é a mais disputada no vestibular.
Todos reconhecem que a profissão tem o mais longo período de aprendizado e treinamento. Ela é desgastante e cansativa. Em geral, são 6 anos de faculdade e três de residência médica. Trilhar este longo caminho não é fácil.
Resta como prêmio: “Vencer a doença é a recompensa mais gratificante que existe!
O médico é o profissional que mais se expõe ao estresse, pois, lida com o bem mais valioso que o homem tem: a sua saúde. Por mais que ele se mantenha equidistante e equilibrado ele, conhecendo a doença, necessita dividir com o seu paciente a sua dor e seu sofrimento.
Às vezes, uma extrema exaustão física e psíquica pode levar a síndrome do “BURN OUT” (síndrome do esgotamento). Isto é, o médico se torna incapaz de desempenhar com normalidade as suas atividades. Isto decorre de excessiva carga laborativa, má condições de trabalho, pressão da responsabilidade para não cometer enganos ou erros, conflitos no relacionamento hospitalar, familiar e econômico.
Contribui para o esgotamento, falta de tempo para descanso, descontração e lazer.
Entre os mais diferentes sintomas são citados: mau humor, cansaço, fadiga, cefaleia, insônia, irritabilidade, ansiedade e indiferença. A auto estima se torna altamente comprometida. Há sofrimento emocional, tristeza e falta de motivação.
Segundo a “American Foundation for Suicide Prevention”, os médicos se suicidam duas vezes mais que a população em geral. Se estima que mais ou menos 350 médicos se suicidam nos EUA por ano. Isto significa dizer: uma perda por dia. Entre os anestesistas e os psiquiatras a incidência é maior.
A depressão, o fácil acesso as drogas, o alcoolismo contribuem de maneira significativa para o triste cenário.
Com a chegada da pandemia, os médicos e demais profissionais da saúde foram exigidos, mais ainda, para uma rotina nova, diferente e mais exaustiva: longas horas de trabalho, deficiente rotina alimentar, duplicação de plantões, distanciamento do convívio caseiro e sobretudo assustados com o temor de contaminar familiares e amigos.
Se estes fatos aceleraram o conflito interior, analisando sob outro prisma, a pandemia fortaleceu o prestigio do médico e os demais profissionais da saúde com a sociedade.
A sociedade se deu conta das más condições que nós trabalhamos e dos riscos biológicos inerentes a profissão.
Milhares de médicos e enfermeiras morreram mundo a fora na batalha contra o inimigo invisível.
Percebemos que os equipamentos de proteção individual eram escassos, despadronizados, inadequados e improvisados!
Faltaram hospitais, leitos de UTI, respiradores, seringas, luvas, gazes e até medicamentos para entubação. A verdade nua: nunca houve verdadeira preocupação com a saúde no nosso País!
A contaminação maciça era previsível. Segundo Conselho Federal de Medicina (CFM) já morreram no Brasil 765 médicos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) mais de 10 mil médicos morreram em todo mundo.
O que não faltou foi coragem, destemor e garra.
O médico tem um contrato social de ética e humanismo com a sociedade.
Lamentavelmente “Os médicos também morrem”.
Prof. Dr. Carlos Roberto Schwartsmann – médico e professor
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
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