Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de julho de 2020
Os novos casos de coronavírus na Califórnia cresceram em 8.441 na terça-feira (30), de acordo com uma contagem da Reuters, o maior aumento em um único dia desde o início da pandemia.
Os Estados Unidos, como um todo, registraram seu maior aumento diário de novas infecções na terça, com mais de 47 mil novos casos. Califórnia, Texas e Arizona são os novos epicentros da pandemia no país.
Remdesivir
Os Estados Unidos compraram praticamente todo o estoque global de remdesivir, um dos medicamentos que deram sinais de serem efetivos para o tratamento de Covid-19, pelos próximos três meses.
Segundo a agência Reuters, o governo Trump adquiriu mais de 500 mil doses, que representa toda da produção da fabricante, a Gilead, para julho, e 90% da capacidade de agosto e setembro.
A Gilead havia fixado o valor do antiviral em U$ 2.340 (cerca de R$ 12,5 mil) por paciente para os países ricos e aceitou enviar quase toda a oferta para os EUA.
Segundo a BBC, o preço do medicamento despertou críticas; um estudo recente apontou que o custo de fabricação do remdesivir não passa de US$ 6 (cerca de R$ 33) por um ciclo completo de tratamento.
O remdesivir é indicado para impedir que certos vírus, inclusive o novo coronavírus, façam cópias de si mesmos, o que pode sobrecarregar o sistema imunológico. O remédio não funcionou em testes como tratamento para Ebola.
Há expectativa de que a demanda seja alta, já que é um dos poucos tratamentos que mostrou ajudar na recuperação da doença.
“A compra do remdesivir é uma notícia decepcionante, não necessariamente por causa da escassez que isso implica para outros países, mas porque sinaliza claramente a falta de vontade de cooperar com outros países e o efeito assustador que isso tem nos acordos internacionais sobre direitos de propriedade intelectual”, disse Ohid Yaqub, professor sênior da Unidade de Pesquisa em Políticas Científicas da Universidade de Sussex, na Grã-Bretanha.
Jonathan Van-Tam, vice-diretor médico e líder do Departamento de Saúde e Assistência Social da Grã-Bretanha, afirmou em uma audiência parlamentar que novos medicamentos como o remdesivir provavelmente estavam em “um suprimento relativamente curto em primeira instância” em relação aos genéricos existentes como dexametasona.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária afirmou em maio que está em contato com a empresa que fabrica o remdesivir pra acompanhar a evolução dos estudos. O remdesivir não é vendido em farmácias.
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A Gilead informou no início desta semana que concordou em enviar a maior parte de sua produção para o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (HHS, na sigla em inglês).
Foi essa agência que afirmou ter adquirido as 500 mil doses. A HHS tem sido responsável por distribuir o medicamento, e não a fabricante Gilead. A empresa afirmou que não discutiu sua estratégia de abastecimento para países ricos que não sejam os EUA.
“O presidente Trump fez um acordo incrível para garantir que os americanos tenham acesso à primeira terapêutica autorizada para o Covid-19”, disse o secretário de saúde e serviços humanos dos EUA, Alex Azar, ao jornal inglês “The Guardian”. “Na medida do possível, queremos garantir que qualquer paciente americano que precise de remdesivir possa obtê-lo. O governo Trump está fazendo todo o possível para aprender mais sobre a terapêutica que salva vidas para o Covid-19 e garantir o acesso a essas opções ao povo americano.”