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Mundo Os pedidos de desculpas da rainha Elizabeth II que nunca vieram

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Da China à escravidão, rainha deixa lista de pedidos de desculpa que não vieram. (Foto: Reprodução)

Ao deixar a vida para entrar na História como a monarca britânica com mais tempo no trono, a rainha Elizabeth II deixa um legado de união em seu país e um sabor de frustração entre os que esperaram dela um pedido de desculpas por atrocidades cometidas pelo Reino Unido em outros continentes — algumas patrocinadas pela monarquia. Não faltou tempo para que se retratasse pelos abusos da era colonial, e embora em certos casos ela tenha lamentado o que ocorreu no passado, pedidos oficiais de desculpas foram raros.

A expectativa de que isso acontecesse se repetiu diversas vezes, quase sempre em vão. Em 2014, quando Elizabeth II se reuniu com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, houve apelos para que a monarca aproveitasse a ocasião e oferecesse um pedido de desculpas oficial pelo tráfico de ópio que levou a duas guerras na metade do século XIX e deixou os chineses de joelhos diante da interferência de grandes potências ocidentais. Derrotada, a China foi forçada a abrir seus portos e a ceder Hong Kong, que seria a última colônia britânica até retornar ao controle chinês, em 1997.

Perdeu-se uma boa oportunidade para que Elizabeth II se desculpasse em nome de sua tataravó, a rainha Vitória, que respondeu às súplicas chinesas pela suspensão do tráfico de ópio “com canhoneiras, morte, miséria e destruição”, escreveu o intelectual suíço Jean-Pierre Lehmann.

Saque e humilhação

Num dos episódios mais infames do período de humilhação chinesa, tropas francesas e britânicas saquearam e deixaram em ruínas o espetacular antigo Palácio de Verão imperial de Pequim, que ocupava uma área proporcional a 500 campos de futebol e foi descrito pelo escritor Victor Hugo como “uma das maravilhas do mundo”.

Como souvenir da barbárie, a rainha Vitória ganhou de presente das tropas britânicas um cão pequinês do palácio imperial chinês, batizado pela monarca de Looty (equivalente a saque em inglês), num sinal de como a pilhagem de países estrangeiros era normalizada na época. A rainha ficou tão apegada a Looty que encomendou um quadro dele a um famoso pintor. A obra, em que o cão aparece ao lado de um vaso chinês, está na coleção de arte real.

Tráfico de escravos

Outros atos vis da era imperial também não mereceram um pedido de desculpas da rainha, como o tráfico de escravos. Entre 1640 e 1807, os britânicos transportaram cerca de 3,2 milhões de africanos para as Américas, e o papel da monarquia foi central nesse comércio, iniciado pela rainha Elizabeth I no século XVI. Segundo o Arquivo Nacional Britânico, 70% do tráfico de escravos estavam nas mãos de portugueses e britânicos.

A atual família real britânica jamais será capaz de redimir as ações de seus antepassados, mas admitir que grande parte de sua fortuna foi construída com base em trabalho escravo seria um bom começo, disse pouco antes da morte de Elizabeth II a historiadora Brooke Newman, autora do livro “Herança sombria”, sobre o comércio de escravos para a Jamaica. Portugal, a propósito, também nunca emitiu um pedido de desculpas.

Há vários outros exemplos em que o passado insistiu em perturbar o glamour pop da realeza, mas Elizabeth II sempre resistiu aos apelos por um pedido de desculpas.

Eles incluem os horrores cometidos no Canadá contra crianças nativas, a brutalidade empregada no conflito com a Irlanda e os bombardeios contra a população civil na cidade alemã de Dresden no fim da Segunda Guerra Mundial. Em visita à capital alemã em 2004, Elizabeth II driblou a controvérsia e os maus antecedentes com um olhar para o futuro: é preciso aprender com a História, e não torná-la uma obsessão, disse a rainha. Cabe agora ao rei Charles III decidir se pedir desculpas também é uma forma de aprender com o passado.

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