O número de pedidos de seguro-desemprego recuou pela primeira vez desde o início da crise do coronavírus. Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Ministério da Economia, os requerimentos pelo benefício em junho somaram 653.160, queda de 32% frente a maio.
Na comparação com o ano passado, no entanto, o dado ainda indica piora no mercado de trabalho: alta de 28,4%, equivalente a 144 mil solicitações a mais.
Assim, apesar do freio na comparação mensal, o balanço de junho é o pior para o mês desde 2016, quando o país sofreu grave recessão. Naquele ano, os pedidos chegaram a 703.515.
Nos Estados Unidos, os pedidos de seguro-desemprego caíram mais que o esperado na semana terminada no dia 4 deste mês e confirmam recuperação do mercado de trabalho
No acumulado do ano, os dados também são negativos. Só no primeiro semestre, 3,9 milhões de brasileiros — 507 mil a mais que no ano passado — precisaram recorrer ao auxílio federal, após terem sido demitidos.
Mais da metade desses requerimentos foram concentrados nos meses mais críticos da crise econômica causada pela pandemia. Entre março e maio, foram registrados 2,2 milhões de pedidos — ou 56% do balanço acumulado no ano.
Questionada sobre como avalia o recuo dos pedidos em junho, a Secretaria de Trabalho negou que a queda esteja relacionada ao represamento na concessão de benefícios.
Segundo a pasta, o número reflete ações para evitar demissões, como os acordos de redução de jornada e suspensão de contrato autorizados pela medida provisória (MP) 936.
“A queda nos pedidos pode ser atribuída a políticas de sustentação do emprego e da renda, particularmente o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), previsto na MP 936 e recém sancionada na Lei 14.020. O programa vem permitindo sustentar o vínculo de emprego e evitar o uso do seguro-desemprego”, informou a secretaria.
Efeitos da pandemia
A pandemia do coronavírus foi oficialmente declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março. Os Estados brasileiros começaram a anunciar medidas de distanciamento social, progressivamente, a partir de meados daquele mês.
As medidas de isolamento também afetaram a economia, na medida em que estados passaram a permitir apenas o funcionamento de atividades consideradas essenciais, como supermercados e farmácias. Boa parte do comércio e dos serviços parou nas semanas seguintes à decretação da pandemia, e também houve queda forte na produção industrial.
As restrições, porém, não foram suficientes para conter o avanço da doença no país, que se tornou um dos epicentros da pandemia no mundo.
Agora, boa parte dos Estados está começando a retomar as atividades, mesmo com os números elevados de casos, e há dúvidas se serão necessários novos fechamentos no futuro. Uma incerteza que também vem impactando a atividade econômica.