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Por Redação O Sul | 17 de setembro de 2017
Com as recentes quedas nos preços de alimentos, diversos economistas já preveem que o conjunto de preços de alimentação no domicílio, que representa pouco mais de 16% do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), termine 2017 no nível mais baixo desde o Plano Real, lançado em 1994 durante a gestão do então presidente Itamar Franco. A oferta abundante por causa da safra inédita de grãos é a principal explicação.
Depois de fechar com altas de 10,38% em 2015 e de 9,4% em 2016, o segmento de alimentação no domicílio deve terminar este ano em negativo, podendo ficar entre -3% e -4%, de acordo com a previsão de analistas. A última vez em que houve deflação nessa categoria foi em 2006, quando o índice foi de -0,13%, o resultado mais baixo da série do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em 1994.
Esse cenário contraria as estimativas mais otimistas verificadas no início do ano, que convergiam para uma possível alta de 2%. O câmbio comportado também vem permitindo um cenário mais favorável para os preços dos alimentos e, em magnitude menor, a recessão e até a crise deflagrada pelo caso envolvendo o conglomerado frigorífico JBS/Friboi, com todas as tuas implicações políticas e econômicas.
Para alguns, esse resultado pode fazer o IPCA fechar o ano abaixo de 3%, a banda inferior da meta de inflação (4,5%, com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo). Essa marca seria a menor desde 1998 (1,65%). A forte deflação esperada para a categoria de alimentos em casa, que recuou 5,19% em 12 meses até agosto, deve influenciar outros preços. O feijão carioca caiu 28% de janeiro a agosto. O arroz, que subiu 16,16% em 2016, já recuou 8,58% neste ano.
Retração
O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio Souza Leal, avalia que há bastante chance de que a inflação termine abaixo de 3% em 2017, embora a sua projeção atual esteja eme 3,1%. Ele estima uma deflação de 3,7% em alimentação no domicílio, número que não tinha em suas planilhas no começo do ano.
Para o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, a “inércia boa” trazida pela forte deflação de alimentos no IPCA acumulado em 12 meses deve perdurar nos outros preços da economia, puxando a inflação toda para baixo.
O próprio BC (Banco Central) afirmou, na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) deste mês, que “tal queda intensa dos preços de alimentos constitui uma substancial surpresa desinflacionária”.
De acordo com o mesmo documento, o recuo do grupo responde por uma parcela relevante da diferença entre as projeções de inflação para 2017 e a meta de 4,5%. Em 12 meses até agosto, o IPCA acumula 2,46%.