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Por Redação O Sul | 5 de fevereiro de 2019
De acordo com projeções do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 32% dos brasileiros terão mais de 60 anos em 2060. E a expectativa de vida será de 81 anos. Entretanto, uma existência mais longa não é sinônimo de um envelhecimento saudável.
Maus hábitos durante a vida adulta, como sedentarismo, obesidade, tabagismo e má alimentação, somados ao histórico familiar e ao envelhecimento natural do organismo, podem acarretar no desenvolvimento das DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis). Dentre elas estão as patologias que afetam a coluna vertebral.
Uma pesquisa nacional apontou que as doenças da coluna atingem 18,5% dos brasileiros. Estas condições estão em segundo lugar no ranking das DCTN mais prevalentes no País. Quando as condições musculoesqueléticas foram avaliadas em conjunto, a prevalência foi de 21%. Isso significa que um em cada cinco brasileiros tem ou terá um diagnóstico relacionado a essas patologias ao longo da vida.
As doenças musculoesqueléticas tendem a ser incapacitantes, além de reduzir drasticamente a qualidade de vida. Em muitos casos, a incapacidade pode ser permanente. Entre as mais comuns estão a hérnia de disco, a estenose do canal lombar e fraturas causadas pela osteoporose.
Conforme o neurocirurgião Iuri Weinmann, especialista em Medicina da Coluna e em Cirurgia Minimamente Invasiva e Neuroendoscópica, nem todos os casos de doenças ou condições que afetam a coluna respondem aos tratamentos convencionais.
“A primeira escolha terapêutica sempre será conservadora, ou seja, serão prescritos medicamentos para alívio da dor e inflamação, fisioterapia e mudanças de hábitos. Entretanto, uma parte dos pacientes, cerca de 5 a 10%, não apresenta melhora da dor e da incapacidade. Nestes casos, a cirurgia é indicada”, explica.
Cirurgia
Porém, uma cirurgia aberta na coluna não pode ser feita em qualquer pessoa. “As cirurgias abertas, principalmente na coluna vertebral, apresentam alguns riscos, como lesões nas raízes nervosas, artérias e necessidade de operar novamente o paciente. Portanto, em comparação com as técnicas minimamente invasivas, as cirurgias convencionais são mais arriscadas e apresentam custos mais elevados”, cita Weinmann.
“Por isso, dentro deste contexto do envelhecimento populacional, será cada vez mais importante o desenvolvimento de tecnologias que possam ser aplicadas na população idosa ou ainda em pessoas com doenças consideradas fatores de risco para a realização de cirurgias abertas”, explica o neurocirurgião.
Para o especialista, as técnicas cirúrgicas minimamente invasivas devem crescer nos próximos anos, se tornando a primeira escolha de tratamento para uma boa parte dos pacientes, principalmente para os idosos, obesos e hipertensos.
Uma das técnicas que foram introduzidas nos últimos anos foi a cirurgia endoscópica da coluna. “Há muitas vantagens em optar por este procedimento. A incisão, ou seja, o corte, é cutâneo, não necessitando de retração muscular. Isso ajuda a evitar a remoção excessiva do tecido ósseo, além de reduzir a manipulação do tecido neural”, ressalta Weinmann.
O especialista cita ainda que um benefício importante da cirurgia neuroendoscópica é a viabilidade de realizar o procedimento com anestesia local. “Por fim, há menor perda de sangue, o tempo de duração da cirurgia é menor e o paciente retorna mais rápido às atividades da vida diária”, diz.
Evidências científicas
De acordo com a literatura científica, devido ao avanço das tecnologias endoscópicas na última década, hoje a maior parte dos casos de hérnia de disco e estenose do canal lombar pode ser tratada por meio da cirurgia endoscópica da coluna.
Um estudo publicado no periódico “Der Orthopäde” comparou duas técnicas cirúrgicas: a discectomia lombar percutânea endoscópica com a laminotomia microcirúrgica. A pesquisa apontou que embora ambas as técnicas promoveram melhora da dor e da qualidade de vida dos pacientes, a discectomia endoscópica apresenta mais vantagens por ser uma técnica minimamente invasiva, enquanto a laminotomia é uma cirurgia aberta, com riscos maiores durante e após o procedimento.