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Colunistas Os solteiros

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Deu a loucura na CNN. De repente, não mais que de repente, começou a agredir os ouvidos dos telespectadores. Repórteres e apresentadores dizem o Goiás, o Sergipe, o Mato Grosso do Sul. Nada feito.

Guarde isto: Goiás, Sergipe, Pernambuco, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul são estados solteirinhos convictos. Não aceitam, nem a pedido dos deuses do Olimpo, aliança no anular esquerdo. Por isso dispensam o artigo.

Livres e soltos, circulam sem companhias indesejadas: Goiás fica no Centro-Oeste. Nasci em Goiás. Ele chegou de Goiás. Você conhece Goiás? Quem nasce em Sergipe é sergipano ou sergipense? Sergipe fica no Nordeste. Nasci em Sergipe, mas passei a vida em Goiás. Os holandeses invadiram Pernambuco. Trabalho em Pernambuco. Mudou-se para Mato Grosso do Sul.

O artigo

Dúvidas são naturais. Como saber se o nome do estado é acompanhado de artigo? O dicionário responde. Procure o adjetivo correspondente ao estado. Goiano, por exemplo. O pai de todos nós dirá natural ou referente a Goiás (sem artigo). E baiano? É o natural ou o originário da Bahia. (com artigo).

Moral da história: de significa sem artigo. Do e da, com artigo.

Crase

O artigo tem tudo a ver com a crase. Acento grave antes de nome de país, estado, cidade, bairro depende do pequenino. Há um verso que dá dica infalível. Ele manda substituir o verbo ir pelo voltar. Com o troca-troca, não há erro:

Se, ao voltar, volto da, crase no a.

Se, ao voltar, volto de, crase pra quê?

1.Vou a Bahia? À Bahia?

No troca-troca, volto da Bahia. Nota 10 para vou à Bahia.

2. Foi a Alagoas? À Alagoas?

Voltou de Alagoas. Ao voltar, volta de, crase pra quê? Vou a Alagoas.

3. Vou à Barra da Tijuca? A Barra da Tijuca?

Volto da Barra. Ao voltar, volto da, crase no a: Vou à Barra da Tijuca.

4. Vai a Brasília? À Brasília?

Ao voltar, volto de, crase pra quê? Volta de Brasília. Vai a Brasília.

Mais exemplos

Vou à Suécia. (Volto da Suécia.) Vou a Miami. (Volto de Miami.) Vou ao Rio Grande do Sul. (Volto do Rio Grande do Sul.) Vou à Alemanha. (Volto da Alemanha.) Vou a Libosa. (Volto de Lisboa.) Vou a Portugal e a Cuba. (Volto de Portugal e de Cuba.) Cheguei a Natal. (Voltei de Natal.) Fui a Aracaju. (Voltei de Aracaju.)

 

Por falar em artigo…

Ocorre crase em “O bom filho a casa torna”? Ops! A questão retoma lição pra lá de repetida. A casa onde moramos dispensa o artigo. Dizemos “estou em casa”, “saí de casa”, “entrega em casa”. Sem o pequenino, nada de crase.

Mas, se a palavra estiver determinada (casa dos avós, casa de Maria), o conto muda de enredo. A casa pede artigo. Com ele, o acentinho: O bom filho a casa torna. O bom filho volta à casa dos pais. Voltei à casa da mamãe dois anos depois de sair.

Com artigo? Sem artigo? Na dúvida, recorra a truque pra lá de conhecido. Aplique a sugestão do versinho:

Se, ao voltar, volto da, crase no a. Se, ao voltar, volto de, crase pra quê?

Vamos lá? O bom filho volta de casa. O bom filho volta da casa dos pais. Voltei da casa da mamãe dois anos depois de sair.

 

Sobre a crase

A crase não foi feita pra humilhar ninguém. Mas brinca com os sentidos. O poema de Cineas Santos serve de prova:

O amor bate à porta

E tudo é festa.

O amor bate a porta.

E nada resta.

 

Leitor pergunta

A entrega é a domicílio ou em domicílio? Vejo as duas formas e fico confuso.

Marcelo Silva, Brazlândia

A forma nota 10 é em domicílio, não a domicílio. A entrega é feita em casa, em escolas, em lojas, em hospitais. E, claro, em domicílio.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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