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Mundo Os suicídios aumentaram nos Estados Unidos logo após o ator Robin Willians se matar, apontou um levantamento

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Pesquisa mostra um crescimento de 10% no número de suicídios nos cinco meses posteriores à morte do ator. (Foto: Reprodução)

O número de suicídios dos Estados Unidos aumentou logo após o ator Robin Williams se matar em 2014, aponta uma pesquisa divulgada na revista científica “PLOS One”.

Nos cinco meses subsequentes à morte do ator, houve 10% mais casos que o esperado para o período. O estudo complementa outras pesquisas que abordam o impacto da morte de celebridades no número de suicídios entre a população em geral.

Os pesquisadores que analisaram os efeitos da morte de Williams coletaram dados mensais de suicídios registrados pelo CDC (Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos, na sigla em inglês) entre 1999 e dezembro de 2015, para verificar se houve alguma alta inesperada em determinado período.

Eles perceberam que 18.690 pessoas tiraram a própria vida entre agosto e dezembro de 2014, quando 16.849 casos eram esperados com base na série histórica. Ou seja, houve 1.841 suicídios a mais que o previsto.

O risco potencial de pessoas copiarem personalidades que se suicidam já é conhecido de autoridades de saúde pública.

Não é possível dizer com certeza, pela pesquisa, se a morte de Robin Williams foi o que provocou o aumento dos suicídios, mas os fatos parecem ter alguma conexão.

Exposição excessiva na mídia

Especialistas dizem que a cobertura “irresponsável” de suicídios pela mídia pode ter grande influência no aumento de casos entre a população em geral.

Robin Williams estrelou filmes famosos mundialmente, como “Uma babá quase perfeita” e “Hook – A volta do Capitão Gancho”, e ganhou o Oscar pela atuação em “Gênio indomável”.

Ele foi encontrado morto em 2014. Na época, organizações voltadas ao apoio de pessoas com depressão alertaram para o grande número de reportagens que davam detalhes demais sobre a forma como o ator se matou, em violação às diretrizes para a cobertura de casos de suicídio.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) e vários manuais de imprensa, incluindo o guia editorial da BBC, aconselham veículos de comunicação a não entraram em detalhes sobre os métodos usados por pessoas que se suicidaram.

Pesquisadores dizem que foram encontradas “evidências substanciais” de que vários veículos violaram essas diretrizes.

Nas semanas que se seguiram à morte de Williams, houve um “drástico” aumento nas referências a suicídio e morte em reportagens, bem como mais postagens em um fórum sobre suicídio na internet que foi monitorado pelos cientistas.

A influência das celebridades

No ano passado, a Netflix inseriu mensagens de alerta na série “13 reasons why”, que aborda o tema do suicídio entre adolescentes. O temor era que espectadores copiassem o suicídio da personagem principal.

“Essa pesquisa traz evidências científicas de que a divulgação irresponsável ou a transmissão detalhada de cenas de suicídio podem ter um efeito devastador”, diz Lorna Fraser, do Samaritanos, uma ONG de aconselhamento sobre suicídio.

“No caso de celebridades, a possibilidade de alguém vulnerável fazer uma conexão afetiva e se identificar com a decisão [do suicídio] é maior. Em alguns casos, podem até interpretar a morte da celebridade como um sinal de que devem tirar a própria vida.”

A influência de celebridades no público – positivas ou negativas – não deve ser subestimada, diz Robert Music, diretor do Jo’s Cervical Cancer Trust, entidade de apoio a quem tem câncer cervical.

Quando a estrela da TV britânica Jade Goody foi diagnosticada com câncer cervical, em 2009, e morreu, pesquisadores mostraram que 400 mil mulheres a mais que o esperado fizeram exames para detectar se tinham o problema.

Goody falou publicamente sobre a doença e a importância de exames preventivos.

Robert Music diz que o efeito positivo da publicidade dada ao câncer cervical tem desaparecido aos poucos, com uma redução significativa de exames preventivos no Reino Unido nos últimos anos.

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