Quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de junho de 2020
Os teatros de Nova York (EUA), fechados por meses por causa da pandemia de coronavírus, estão começando a abrir suas portas novamente – não para os que têm ingressos, mas para manifestantes presentes em protestos contra a brutalidade policial que precisam de água ou de um banheiro.
Após a morte de George Floyd sob custódia policial, protestos encheram as ruas da cidade por quase uma semana, e instituições artísticas buscaram maneiras de mostrar solidariedade aos manifestantes.
Para a maioria, isso significava postar quadrados pretos nas mídias sociais ou escrever textões cuidadosamente escritos. Mas, na quarta-feira (3), vários teatros em Manhattan e no Brooklyn anunciaram que permitiriam que manifestantes entrassem em seus edifícios para usar o banheiro, beber água ou carregar seus telefones.
A primeira instituição a atrair atenção on-line para a ideia foi o New York Theatre Workshop, uma companhia de teatro Off Broadway. Na parede de tijolos de um de seus teatros em East Village, entre cartazes da empresa, apareceram anúncios no início desta semana avisando que os banheiros estavam abertos e que ali havia suprimentos para os manifestantes.
Na quarta, o Public Theater, em East Village – com um amplo lobby construído para acomodar o público em filas – anunciou que abriria o prédio para manifestantes às 14h, fechando as portas às 18h, muito antes do toque de recolher às 20h.
O Public Theatre, que teve que cancelar o festival gratuito sobre Shakespeare que acontece no Central Park todo verão, por causa da pandemia, ofereceu água, acesso ao banheiro e desinfetante para as mãos. Segundo Shareeza Bhola, porta-voz da casa, os funcionários foram orientados a garantir que todos estivessem praticando o distanciamento social.
Uma nova conta no Twitter, chamada “Open Your Lobby”, incentivou os cinemas a receber manifestantes. Um post recomendava que os teatros “não permitissem a polícia dentro do prédio para a segurança de seus manifestantes”, acrescentando que funcionários não-negros deveriam impedir a entrada de policiais.
Em um comunicado, a conta do Twitter se identificou como “uma coalizão de jovens artistas, administradores e organizadores de teatro”, mas disse que as pessoas envolvidas desejavam permanecer anônimas. “Começamos a conta porque estávamos nas ruas, percebemos que havia necessidade disso e queríamos convidar os espaços que divulgassem declarações expressando seus valores”, afirmou o comunicado.
À medida que a ideia se espalhava nas mídias sociais, a Off Broadway Atlantic Theatre Company disse que abriria seu teatro principal em Chelsea para manifestantes a partir da quinta-feira (eles também prometeram lanches para as pessoas). A Playwrights Horizons, na Times Square, disse que abriria seu saguão a partir desta sexta-feira (5), oferecendo ar-condicionado, conexão wi-fi e um lugar para descanso. E o IRT Theatre, em West Village, disse que deixaria os manifestantes entrarem no saguão, dois de cada vez – com máscaras.