Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 14 de março de 2023
Brendan Fraser venceu o Oscar de melhor ator no último domingo (12). Ele passou por uma transformação radical (que rendeu inclusive o Oscar de melhor maquiagem ao filme) para viver o protagonista que luta contra a gordofobia e a homofobia em A Baleia.
Fraser estava com os olhos marejados e visivelmente emocionado. O prêmio, assim como outros anteriormente recebidos na temporada, foram vistos como uma ‘volta por cima’ em sua carreira, após alguns anos afastado de produções aclamadas pela crítica.
No longa, o artista vive Charlie, um professor de literatura de meia-idade que pesa 270 kg e, em decorrência da obesidade, tem vergonha do seu visual e de se relacionar com as pessoas. No entanto, quando o homem percebe que pode morrer a qualquer momento, ele tenta criar laços com a sua filha, quem ele abandonou anos atrás.
Em entrevista exclusiva a Splash, Fraser disse que viver uma pessoa obesa no cinema não foi nada fácil. “Foi desafiador, e acho que você precisa ter coragem para desempenhar certos papéis, especialmente um como Charlie, porque é arriscado.”
No entanto, ele também é um papel fantástico. Acho que você dever se arriscar na arte e no cinema. Talvez não na vida, mas corra riscos criativos, porque é de lá que você vai aprender algo. Provavelmente indo em direção ao medo, como dizem.
Para interpretá-lo, o ator diz ter estudado além do que era convencional, e fez questão de entender detalhes sobre a vida de pessoas que vivem com obesidade. “Consultei um grupo de ajuda chamado Obesity Action Coalition [Aliança de Ação da Obesidade, em tradução livre], e eles apoiam pessoas que passaram por procedimentos gástricos ou barátricos. Eles são um recurso para informações. Mas, além disso, eles são um grupo de defesa para acabar com o preconceito contra quem vive com obesidade, principalmente na mídia.”
O contato com a instituição fez Fraser perceber os preconceitos que ainda existem ao retratar obesos. “Existem frases e atitudes comuns em relação às pessoas com obesidade retratadas na mídia, e ter esse preconceito contra eles em nossa cultura e nossa sociedade é provavelmente o último refúgio de preconceito que ainda mantemos, de todas as diferentes maneiras de sermos terríveis entre si.”
Eu quis que Charlie fosse retratado com dignidade
Para isso acontecer, ele explica, era preciso ter um cuidado maior com a maquiagem e as próteses usadas, que pesavam cerca de 130 kg. “Foi complicado, porque se elas parecem pesadas de usar, é porque elas realmente eram.”
“E obedece à física e à gravidade de uma forma que a maioria dos figurinos que vimos em filmes anteriores, que são apenas uma espécie de silhueta preenchida com enchimento de algodão, não fazem. As próteses me fizeram ter a preocupação e o cuidado de como é viver como um homem com o corpo de Charlie.”